A Petrobras reduziu nesta segunda-feira (2) o preço da gasolina vendida às distribuidoras em R$ 0,17 por litro, uma queda de 5,6%, com o valor nas refinarias passando de R$ 3,02 para R$ 2,85. O novo preço entra em vigor a partir de terça-feira (3).
A medida, segundo a empresa, reflete sua política de formação de preços, que considera condições de mercado e busca equilíbrio com os valores praticados internacionalmente. No entanto, não foram apresentados dados técnicos que embasassem a decisão, gerando reações no setor.
Especialista vê sinal político na decisão da Petrobras
Para Pedro Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a redução surpreendeu o mercado por ocorrer em um momento em que o preço do petróleo Brent operava em alta de cerca de 4% e sem defasagem significativa em relação ao mercado internacional.
“A Petrobras reduziu o preço quando ele já estava defasado para baixo, e ainda assim não explicou tecnicamente por que fez isso. A companhia diz que os preços estão 22 centavos abaixo da inflação desde 2022, mas isso não faz sentido: o valor da gasolina não se baseia em inflação, e sim no câmbio, no preço do barril e na paridade internacional”, afirmou Rodrigues à BM&C News.
Segundo o especialista, a ausência de explicações técnicas reforça a percepção de que a medida pode ter motivação política, especialmente diante da sensibilidade do tema para o consumidor e do impacto que a redução pode ter sobre os índices de inflação.
Petrobras reduz preço da gasolina: mercado perde referência de preço
Rodrigues também alerta que a política atual da estatal tem gerado sinais distorcidos ao mercado, prejudicando a competitividade do etanol e afetando as margens da própria Petrobras.
“O sinal de preço está errado. Isso é ruim para o mercado, que perde previsibilidade, e ruim para a Petrobras, que deixou de ganhar cerca de R$ 4 bilhões no primeiro trimestre de 2025, segundo nossos cálculos, por conta da defasagem nos derivados”, afirmou.
Ele lembra que a empresa abandonou oficialmente o PPI (Preço de Paridade de Importação) em 2023, mas não oferece ao mercado uma fórmula clara de precificação desde então, o que ele considera prejudicial à transparência.
Enquanto o mercado tenta entender a nova lógica de preços da Petrobras, especialistas reforçam que, sem previsibilidade ou justificativas técnicas, movimentos como o atual tendem a gerar insegurança entre investidores e agentes do setor.
“Não se sabe por que exatamente o preço caiu agora. Pode ser tentativa de segurar a inflação, pode ser decisão do governo. Mas, sem clareza, o que resta é especulação”, conclui Pedro Rodrigues.