A primeira semana de junho chega carregada de eventos econômicos relevantes e projeções que devem movimentar o mercado global. Após um mês de maio positivo para as bolsas internacionais — apesar da alta volatilidade —, a agenda de indicadores, decisões de política monetária e declarações de líderes econômicos promete trazer mais definições sobre o rumo dos ativos de risco.
Francisco Alves, operador de mercado e comentarista do programa Pre-Market na BM&C News, aponta que “maio foi um mês produtivo para os mercados internacionais, com destaque para a bolsa de Frankfurt, que subiu mais de 6,6%”. Já no Brasil, o Ibovespa encerrou o mês com alta de 1,45% e acumula valorização de 13,9% em 2025.
Semana no mercado começa com Boletim Focus e PMIs globais
Nesta segunda-feira (2), o mercado já começa de olho nas projeções do Boletim Focus, publicado pelo Banco Central, que pode trazer novas sinalizações sobre inflação, Selic e PIB brasileiro.
No cenário internacional, os investidores acompanham a divulgação dos PMIs (Índices dos Gerentes de Compras), que medem o ritmo da atividade industrial e de serviços em economias como EUA, China, Reino Unido, Alemanha e França. Os dados são cruciais para avaliar o grau de expansão ou retração da atividade econômica global.
Payroll e mercado de trabalho nos EUA sobem ao centro do radar
Francisco Alves destaca que a semana será “voltada para o mercado de trabalho nos Estados Unidos”, com uma bateria de indicadores que inclui o relatório ADP (emprego no setor privado), o relatório Jolts (abertura de vagas) e os pedidos semanais de auxílio-desemprego.
O destaque absoluto será a divulgação do payroll, marcada para sexta-feira (6), que revelará o número de novos postos de trabalho, a taxa de desemprego e o salário médio por hora trabalhada. Esses dados são fundamentais para a política monetária americana e influenciam diretamente as expectativas sobre possíveis cortes de juros pelo Federal Reserve.
Juros: decisões do BCE, BoC e falas de Powell no foco do mercado
Três importantes bancos centrais divulgam suas decisões de política monetária nesta semana: Banco Central Europeu (BCE), Banco Central do Canadá (BoC) e o Banco Central da Índia (RBI). As sinalizações desses bancos serão acompanhadas de perto, especialmente após o prolongamento da política de juros altos nos EUA.
Além disso, o presidente do Fed, Jerome Powell, fará duas declarações ao longo da semana. Francisco Alves aponta que o mercado estará atento ao tom adotado por Powell diante dos últimos dados de inflação e emprego.
Brasil: rating da Moody’s, IOF e indicadores internos movimentam o mercado
No Brasil, além do Focus, o mercado repercute a decisão da agência Moody’s, que alterou a perspectiva do rating brasileiro de positiva para estável, o que pode influenciar o humor dos investidores estrangeiros nos próximos dias.
No campo político, seguem os embates entre o Ministério da Fazenda e o Congresso Nacional sobre o IOF e outras pautas fiscais. Na agenda econômica, destaque para o IPC da Fipe, a produção industrial de abril e o IGP-DI de maio, além do fluxo cambial semanal.
Geopolítica: tarifas nos EUA e nova produção da Opep+
As tensões geopolíticas voltam a ganhar espaço. O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou aumento das tarifas sobre aço e alumínio para 50%, medida que passa a valer já nesta semana. A decisão visa proteger a indústria siderúrgica americana, mas pode reacender atritos comerciais com outros países.
Já a Opep+, liderada por Arábia Saudita e Rússia, confirmou o aumento de produção de petróleo em 411 mil barris por dia a partir de julho, mantendo o mesmo volume adicional praticado em maio e junho.
Expectativas para o mercado
Diante de uma semana intensa e repleta de indicadores relevantes, Francisco Alves resume o sentimento dos mercados:
“É uma semana recheada de eventos, de começo de mês, com dados importantes como os PMIs, as decisões de juros e o payroll nos EUA. Aqui no Brasil, o mercado também vai monitorar o cenário político e o impacto da mudança de perspectiva no rating do país”.