Em um cenário de juros elevados e desafios macroeconômicos, a gestão da alavancagem se tornou uma questão central para incorporadoras no Brasil. No caso da Helbor, a disciplina financeira foi o principal motor por trás dos resultados registrados em 2024.
A companhia fechou o ano com uma receita operacional líquida de R$ 1,2 bilhão, redução do índice de alavancagem (dívida líquida sobre patrimônio líquido) de 72% para 58%, e distribuição de R$ 12 milhões em dividendos. “A gente começou 2024 com um compromisso interno: vender estoque pronto e reduzir alavancagem”, lembrou Leonardo Piloto, CFO da empresa.
A postura reflete uma leitura estratégica do cenário macro. “Independentemente da curva de juros, sabíamos que precisávamos encerrar ciclos, entregar bem os empreendimentos e trazer o dinheiro de volta para casa”, explicou. A Helbor entende que, para operar com resiliência em um setor cíclico e altamente dependente de crédito, manter dívida sob controle é uma premissa essencial.
Marcelo Bonanata, diretor comercial, complementa a visão afirmando que a companhia fez a lição de casa: “2024 foi um ano de muita entrega. Focamos no nosso estoque e controlamos o ímpeto de lançar. Reduzimos o estoque para 12 meses, algo que não víamos há mais de 10 anos”.
O foco em manter o endividamento em níveis saudáveis se mostra ainda mais relevante diante do atual ambiente de incertezas. “Administrar uma empresa com Selic a 14% é extremamente desafiador. A gente gostaria de usar o caixa para comprar terrenos, não para pagar juros altos”, pontuou Piloto.
A Helbor também adotou uma estratégia de racionalização de portfólio. “Nos desfizemos de ativos que não estavam alinhados com nossa estratégia, vendendo terrenos fora da Grande São Paulo e em faixas de renda onde não somos competitivos”, disse o CFO. Essa medida ajudou a liberar capital, fortalecer o caixa e focar em regiões e perfis com maior previsibilidade de retorno.
No setor imobiliário, onde os ciclos são longos e a visibilidade limitada, a capacidade de antecipação, planejamento e controle financeiro são ativos raros. Para Piloto, o segredo está na disciplina contínua: “O que compramos hoje será entregue em até 8 anos. Precisamos garantir que o que desenhamos no início do projeto aconteça até o fim”.
Veja mais notícias aqui. Acesse o canal de vídeos da BM&C News.