A taxa de desocupação no Brasil recuou para 6,6% no trimestre encerrado em abril de 2025, segundo os dados divulgados nesta quinta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representa estabilidade frente ao trimestre anterior (novembro de 2024 a janeiro de 2025, com 6,5%), mas indica uma queda de 1 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano passado, quando a taxa era de 7,5%.
A população desocupada somou 7,3 milhões de pessoas, praticamente estável frente ao trimestre anterior, mas com redução de 11,5% na comparação anual — o equivalente a 941 mil pessoas a menos procurando emprego.
Já a população ocupada chegou a 103,3 milhões de pessoas, com crescimento de 2,4% em 12 meses, o que representa mais 2,4 milhões de trabalhadores inseridos no mercado. O nível da ocupação, que mede o percentual de pessoas ocupadas entre a população em idade de trabalhar, ficou em 58,2%, com leve alta de 0,9 ponto percentual em um ano.
Outro dado relevante foi a queda da taxa composta de subutilização, que mede o percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas e na força de trabalho potencial. O indicador caiu de 17,4% para 15,4% em um ano. A população subutilizada totalizou 18 milhões de pessoas, recuo de 2,1 milhões no mesmo intervalo.
Pnad no radar: emprego formal em alta
Um dos destaques do levantamento foi o número recorde de empregados com carteira assinada no setor privado, que chegou a 39,6 milhões. O avanço foi de 0,8% no trimestre (mais 319 mil pessoas) e de 3,8% no ano, com acréscimo de 1,5 milhão de trabalhadores formais.
Em contrapartida, o número de empregados sem carteira assinada manteve-se estável em 13,7 milhões, e os trabalhadores por conta própria somaram 26 milhões, também sem variações relevantes no trimestre, mas com alta de 2,1% no ano.
A informalidade recuou para 37,9% da população ocupada, equivalente a 39,2 milhões de trabalhadores, abaixo dos 38,3% observados no trimestre anterior e dos 38,7% registrados no mesmo período de 2024.
Rendimento e massa salarial na Pnad
O rendimento médio real habitual dos trabalhadores ficou em R$ 3.426, estável em relação ao trimestre anterior, mas com crescimento de 3,2% em 12 meses. Já a massa de rendimento real habitual — soma dos rendimentos de todos os trabalhadores — atingiu novo recorde: R$ 349,4 bilhões, crescimento de 5,9% na comparação anual.
Entre os setores, o maior crescimento no número de ocupados foi registrado em administração pública, educação e saúde, com alta de 4% no ano. Também houve avanço em indústria (3,6%), comércio (3,7%), transporte (4,5%) e atividades financeiras e profissionais (3,4%). Apenas a agricultura apresentou retração: queda de 4,3% no número de ocupados.
Na análise dos rendimentos por setor, as maiores altas anuais foram observadas na construção (+8,3%), agricultura (+6,1%), comércio (+3,3%) e administração pública (+2,5%).
Opinião: PNAD confirma CAGED
Para o economista Leonardo Costa, do ASA, os dados da PNAD reforçam a sinalização positiva já indicada pelo Caged e confirmam o aquecimento do mercado de trabalho no início do segundo trimestre. Segundo ele, “a aceleração da população ocupada e a taxa de desemprego de 6,2% — a menor da série histórica — sustentam um viés de alta para as projeções de crescimento do PIB em 2025“, que podem superar os 2,2% estimados atualmente.
Já na avaliação do economista Alex André, a queda da taxa de desemprego para 6,6%, abaixo do esperado pelo mercado, confirma a resiliência do mercado de trabalho, mesmo em um cenário de atividade econômica mais moderada. Ele destaca que a alta real de 3,2% na renda média, agora em R$ 3.426, reforça uma combinação favorável entre desaceleração da inflação e recuperação da massa salarial, o que tende a sustentar o consumo das famílias no curto prazo. No entanto, Alex alerta que parte desse avanço ainda é sustentado pela informalidade e por setores de baixa produtividade, o que limita impactos estruturais mais profundos sobre o crescimento potencial da economia brasileira.