A NVIDIA divulgou resultados financeiros do primeiro trimestre do ano fiscal de 2026 que superaram amplamente as expectativas do mercado, com lucros e receitas impulsionados pela forte demanda por inteligência artificial e data centers. Apesar do desempenho expressivo, a companhia enfrenta desafios importantes com tarifas e restrições de exportação para a China, o que levanta preocupações sobre o ritmo de crescimento futuro.
A receita total da NVIDIA chegou a US$ 26 bilhões, com lucro líquido de US\$ 14,9 bilhões, números que representam um salto de 69% e 628%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado. O desempenho foi liderado pelo segmento de data centers, que registrou uma receita de US$ 22,6 bilhões, crescimento de 73% em um ano, puxado pela demanda global por infraestrutura de IA.
Outro destaque foi o segmento de games, com US$ 3,8 bilhões em receita e crescimento de 42% no mesmo comparativo.
Análise: a transformação de uma década
Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, os resultados refletem uma transformação sem precedentes da empresa. “Se você pensar dez anos atrás, a NVIDIA tinha lucrado menos de 1 bilhão de dólares em um trimestre. Agora, ela chega a R$ 44 bilhões. Realmente é uma transformação impressionante para a empresa”, avaliou.
Cruz relembra que, mesmo antes da pandemia, os lucros trimestrais eram bem menores — cerca de R$ 3,2 bilhões em 2019 e R$ 8,2 bilhões em 2023. “Houve uma aceleração impressionante com a questão de data center, games e IA. O resultado agora é incomparável com o histórico recente.”
Desafios com China e risco geopolítico
Apesar dos números robustos, a empresa contabilizou um encargo de US$ 4,5 bilhões no trimestre, impactado por restrições comerciais impostas pelos Estados Unidos em relação à China — mercado que representa uma parcela relevante das exportações da companhia.
Segundo o release da empresa, aproximadamente US$ 2,5 bilhões em vendas para a China deixaram de ser embarcadas. Para contornar o impacto, a NVIDIA informou que está desenvolvendo novas versões de chips compatíveis com as regras americanas, e busca contratos com países do Oriente Médio, incluindo a Arábia Saudita.
Para Gustavo Cruz, esse é o principal risco estratégico no radar. “É claro que o destaque negativo fica por conta das tarifas e da restrição de exportação para a China por conta do governo. Isso pode limitar o avanço da empresa em relação às projeções anteriores.”
Perspectiva
Mesmo com os riscos geopolíticos, o estrategista afirma que o desempenho recente da empresa é digno de nota. “Se a gente pensar num prazo um pouco mais longo, não dá para falar mal do resultado da NVIDIA. É realmente impressionante o que essa empresa se tornou.”
A próxima divulgação de projeções pela companhia deve ser acompanhada de perto por investidores, especialmente em relação ao avanço da inteligência artificial, à diversificação de mercados e aos impactos contínuos da política comercial dos EUA.
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