A tentativa recente do governo de aumentar a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre remessas internacionais reacendeu o interesse de brasileiros por soluções em criptos como forma de reduzir custos em transações cambiais. Embora a medida tenha sido revogada após repercussão negativa, o episódio expôs um movimento crescente de usuários migrando para stablecoins e cartões vinculados a criptos para fugir da carga tributária tradicional.
Fintechs como Bankei e Kast já oferecem cartões pré-pagos internacionais com saldo em USDT (Tether), USDC ou outras stablecoins lastreadas no dólar. Segundo os desenvolvedores, as transações são processadas diretamente em cripto, sem necessidade de conversão prévia e fora do sistema financeiro tradicional — o que torna a cobrança de IOF impraticável na maioria dos casos.
Esse tipo de solução ganhou tração entre usuários que fazem transferências para o exterior, contratam serviços internacionais ou viajam com frequência. O apelo principal está na redução de custos, uma vez que o IOF padrão sobre operações de câmbio chega a 3,5%.
Criptos no radar do Fisco
Especialistas alertam, no entanto, que o uso de criptos para esse tipo de finalidade não está isento de riscos. A ausência de regulamentação específica permite certa flexibilidade, mas também cria insegurança jurídica, especialmente se o governo decidir fechar essa brecha no futuro.
Além disso, há custos indiretos que muitas vezes passam despercebidos, como taxas de corretagem e tarifas da rede blockchain, que variam de acordo com o ativo e congestionamento da rede.
Stablecoins ganham espaço como forma de evitar IOF, diz analista
Segundo Luiz Pedro, sócio e analista de criptos da Nord Investimentos, o aumento da alíquota de IOF sobre operações cambiais trouxe novos holofotes para o mercado de criptoativos, especialmente como alternativa para exposição ao dólar sem a incidência direta da tributação. “É uma solução válida, principalmente quando falamos em stablecoins como USDT ou USDC. Elas permitem que o usuário final utilize o dólar no dia a dia — inclusive por meio de cartões de cripto — sem passar pela estrutura bancária tradicional”, afirma.
Para quem compra moeda estrangeira com objetivo de gasto no exterior, Luiz considera os cartões atrelados a stablecoins uma alternativa eficiente, que escapa do IOF sem, necessariamente, representar um risco regulatório. “Hoje, nada impede esse tipo de uso. O risco maior está na confiança nas emissoras dos tokens. Mas tanto o USDT quanto o USDC são auditados e seguem processos transparentes, o que os torna opções seguras para o investidor.”