A Braskem informou neste domingo (25) que sua acionista controladora, a Novonor, recebeu uma proposta não vinculante do Petroquímica Verde Fundo de Investimento em Participações, ligado ao empresário Nelson Sequeiros Tanure, para a aquisição de ações da NSP Investimentos — operação que, caso avançada, poderá levar ao controle indireto da maior petroquímica da América Latina.
Segundo comunicado oficial da Novonor, a proposta está em fase inicial e sujeita a avaliações de bancos credores e à conformidade com o Acordo de Acionistas da Braskem, que inclui cláusulas firmadas com a Petrobras, também acionista relevante da companhia.
Braskem não participa das tratativas
Em nota ao mercado, a Braskem destacou que não participa diretamente das negociações e que está sendo mantida informada sobre os avanços para garantir o cumprimento das normas de governança corporativa. A movimentação ocorre em meio a especulações sobre o futuro da companhia, que já esteve no radar de diversos grupos interessados nos últimos anos.
Braskem tem resultados pressionados e expansão internacional
A proposta surge em um momento delicado para a empresa. No terceiro trimestre de 2024, a Braskem reportou uma receita líquida de R$ 58,3 bilhões, mas fechou o período com um prejuízo líquido de R$ 6,2 bilhões, refletindo o cenário desafiador no setor petroquímico global.
Apesar das dificuldades, a companhia segue investindo em expansão internacional. Em maio de 2025, a Braskem anunciou a inauguração do Terminal Química Puerto México, iniciativa conjunta com a Braskem Idesa, no México. Com capacidade para 80 mil barris diários de etano, a unidade deve permitir a produção de até 1,05 milhão de toneladas anuais de polietileno, reforçando a posição da empresa no mercado internacional.
BTG vê incertezas na mudança de controle da Braskem
Segundo análise do BTG Pactual, embora a proposta da Petroquímica Verde represente um possível novo capítulo na disputa pelo controle da Braskem, a transação ainda está cercada de incertezas. O banco destaca que o sucesso da operação depende de negociações com credores — que detêm mais de R$ 15 bilhões em empréstimos garantidos por ações da companhia — e da aceitação da Petrobras no acordo de acionistas, fator considerado decisivo para a viabilidade do negócio.
Além disso, o BTG alerta que, caso a Novonor permaneça como acionista minoritária, os direitos de tag along podem não ser acionados, o que poderia frustrar investidores à espera de liquidez. O relatório ainda pondera que, mesmo com uma eventual mudança no controle, o impacto nos fundamentos da empresa permanece incerto, dado que a Braskem continua exposta a margens petroquímicas globais voláteis e a uma estrutura de custo baseada em nafta, considerada desvantajosa.