O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (26) pelo Banco Central trouxe poucas alterações nas expectativas do mercado financeiro, mas indicou uma melhora nas projeções para o PIB de 2025, com leve ajuste também nas estimativas para o câmbio. As expectativas para inflação e taxa Selic permanecem estáveis nas janelas analisadas.
Focus traz inflação inalterada até 2027
O cenário inflacionário permanece estável, segundo os economistas consultados. As projeções para o IPCA foram mantidas em:
- 5,50% para 2025
- 4,50% para 2026
- 4,00% para 2027
A estabilidade sugere que o mercado segue atento aos desdobramentos da política fiscal e aos possíveis impactos de medidas recentes, mas ainda não vislumbra mudanças relevantes no horizonte inflacionário.
Câmbio tem leve recuo para 2025, segundo Focus
No câmbio, a projeção do dólar para o final de 2025 passou de R$ 5,82 para R$ 5,80. Para os anos seguintes, não houve alteração:
- R$ 5,90 em 2026
- R$ 5,80 em 2027
O ajuste leve na projeção para o próximo ano pode refletir expectativas de entrada de capital estrangeiro e um possível arrefecimento nas tensões externas.
Focus destaca taxa Selic estável
As estimativas para a taxa básica de juros (Selic) não apresentaram mudanças nas três janelas avaliadas:
- 14,75% para 2025
- 12,50% para 2026
- 10,50% para 2027
A manutenção indica que o mercado segue prevendo um ciclo prolongado de juros elevados como resposta às incertezas fiscais e à resiliência da inflação.
PIB de 2025 sobe para 2,14%, diz relatório Focus
A projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 foi revisada de 2,02% para 2,14%, mostrando maior otimismo com o desempenho da atividade econômica no curto prazo.
Para os anos seguintes, o Focus manteve as estimativas:
- 1,70% para 2026
- 2,00% para 2027
A melhora na estimativa do próximo ano pode refletir a leitura de um ambiente interno mais resiliente do que o inicialmente previsto, mesmo com juros elevados e pressão fiscal persistente.
Elevação do PIB deve ser interpretada com cautela
Para o economista Maykon Douglas, a elevação da projeção do PIB para 2025, de 2,02% para 2,14%, pode ter sido impulsionado por fatores técnicos, já que a penúltima sexta-feira de cada mês é tradicionalmente usada pelo Banco Central como data de corte para a apuração do ranking das instituições com melhores previsões no Boletim Focus. “É comum que os participantes revisem suas projeções nesses momentos para manter competitividade no ranking, o que pode gerar movimentos mais bruscos nas medianas divulgadas”, explica.
Apesar do componente técnico, Douglas destaca que o novo número está em linha com uma tendência que ele vem observando nas últimas semanas: um crescimento mais robusto da economia brasileira em 2025. “Minha projeção já está há algum tempo próxima de 2,2% para o ano, sustentada principalmente pela força contínua do agronegócio, que tem apresentado resultados expressivos, e pela resiliência do consumo das famílias e do mercado de trabalho. Ambos têm sido favorecidos por políticas fiscais de viés expansionista adotadas recentemente pelo governo”, avalia.
Para o economista, o dado reforça a visão de que, mesmo com juros elevados e incertezas fiscais, o dinamismo de alguns setores e o impulso da demanda interna devem sustentar um ritmo de crescimento acima do que o mercado previa no início do ano.