O Supremo Tribunal Federal (STF) recentemente validou a apreensão de documentos como a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e o passaporte de indivíduos inadimplentes. Essa decisão visa garantir que decisões judiciais sejam cumpridas de maneira mais eficaz. A medida, no entanto, gerou discussões sobre sua constitucionalidade e o impacto nos direitos fundamentais dos cidadãos.
Baseada no artigo 139, inciso IV, do Código de Processo Civil, a decisão permite que juízes adotem medidas coercitivas para assegurar a execução de suas decisões. O objetivo é reduzir a inadimplência no país, que afeta milhões de brasileiros, criando assim um ambiente mais favorável para a recuperação de créditos.
Quais são os critérios utilizados para a apreensão de documentos?
A apreensão de documentos não é uma ação automática e deve ser cuidadosamente avaliada em cada caso. O juiz responsável precisa considerar a proporcionalidade e a razoabilidade da medida antes de aplicá-la. Além disso, é necessário que o credor solicite a apreensão no processo judicial.
Exceções são feitas para motoristas profissionais, como taxistas e motoristas de aplicativos, e para casos de dívidas alimentares, onde a apreensão poderia comprometer o sustento do devedor e de sua família.

Como as medidas afetam os direitos fundamentais dos cidadãos?
A decisão do STF levanta preocupações sobre possíveis impactos nos direitos fundamentais, como o direito de ir e vir e o exercício profissional. O tribunal destacou que tais medidas devem ser aplicadas com cautela, garantindo que não haja violação desproporcional desses direitos. A ideia é que a apreensão de documentos seja uma última alternativa, utilizada apenas quando outras medidas não forem suficientes.
O equilíbrio entre a necessidade de garantir o cumprimento das decisões judiciais e a proteção dos direitos dos devedores é essencial para evitar abusos e garantir justiça.
Que propostas legislativas estão em discussão para restringir tais medidas?
Há propostas em andamento que buscam limitar ou proibir a apreensão de documentos por inadimplência. Um exemplo é o Projeto de Lei 604/23, que propõe isentar devedores que utilizam o veículo como ferramenta de trabalho da apreensão da CNH.
Outro projeto, o 668/23, sugere proibir a apreensão de CNH e passaporte e a restrição à participação em concursos públicos como forma de coerção para pagamento de dívidas, argumentando que essas medidas violam liberdades fundamentais.
De que forma os devedores podem contestar a apreensão de seus documentos?
Devedores têm o direito de contestar judicialmente a apreensão de seus documentos. É crucial apresentar argumentos que demonstrem a desproporcionalidade da medida, especialmente se comprometer direitos fundamentais ou o sustento familiar.
Além disso, é aconselhável que os devedores busquem regularizar suas dívidas por meio de negociações com os credores, evitando que o processo judicial avance a ponto de permitir medidas coercitivas. A orientação de um advogado pode ser vital para definir as melhores estratégias de defesa e negociação.