Apesar das turbulências internas, o Ibovespa vem sendo impulsionado principalmente por fatores externos, segundo o economista Alex André, em entrevista ao BM&C News. Para ele, o fluxo estrangeiro e a expectativa com os resultados das big techs nos Estados Unidos têm guiado o mercado brasileiro mais do que o ambiente político e fiscal doméstico.
“A leitura é que o interno talvez não esteja mais precificando o Ibovespa. O pessoal está de olho lá no externo. Quando sai algo de lá, enche o nosso mercado aqui”, explicou André, fazendo referência à analogia do “copo e da piscina”, usada para mostrar como pequenas movimentações lá fora têm grande impacto no Brasil.
Mercado foca em um tema por vez e ignora riscos relevantes
Alex André também destacou a dificuldade dos investidores em lidarem com múltiplas variáveis simultaneamente. “É difícil as pessoas falarem de três assuntos ao mesmo tempo. Elas escolhem um, no máximo dois, como pauta do dia”, afirmou.
Essa seletividade na narrativa do mercado acaba deixando temas importantes em segundo plano. “Tem tarifaço, tem a guerra, tem a temperatura dos Estados Unidos… tudo isso vira assunto secundário, mesmo sendo de muita importância”, pontuou o economista.
Resultados das big techs devem influenciar o Ibovespa
A semana é marcada pela divulgação dos balanços das gigantes de tecnologia norte-americanas, como Microsoft e Meta nesta quarta-feira, e Apple e Amazon na quinta. Segundo André, essa temporada de resultados pode definir a direção do mercado nos próximos dias.
“Essa retórica entre copo e piscina pode puxar o mercado para cima ou para baixo, dependendo da leitura”, comentou, reforçando que o desempenho das big techs tende a ter efeito direto no apetite por risco nos mercados emergentes, como o Brasil.
Payroll dos EUA será determinante para os próximos passos do Fed
Outro dado relevante que deve mexer com os mercados é o payroll, a criação de empregos nos Estados Unidos, que será divulgado na sexta-feira. “Vai depender muito dessa atividade econômica nos EUA”, explicou André.
Ele destacou ainda que o Federal Reserve está mais atento à situação do emprego do que à inflação no curto prazo. “Claro que um depende do outro, mas hoje o Fed está mais preocupado com o emprego, que é o principal desafio nos Estados Unidos”, concluiu.