Em entrevista ao programa da BM&C News, o economista Fabrizio Velloni, da Frente Corretora, avaliou que a inflação no Brasil, apesar de uma leve desaceleração apontada pelo último dado do IPCA-15 divulgado na semana passada, ainda permanece em níveis elevados e pode voltar a subir nos próximos meses.
Segundo Velloni, o IPCA-15 acumulado em 12 meses está próximo de 5,5%, patamar considerado muito acima da meta do Banco Central. “Existe uma boa notícia, que é o arrefecimento frente ao mês anterior, mas 5,5% ainda é um índice alto e preocupante“, afirmou.
O economista explicou que, embora os juros elevados tenham ajudado a conter parcialmente a inflação, o estímulo ao crédito por parte do governo — especialmente por meio de linhas como o consignado — pode gerar novas pressões inflacionárias. “O mercado enfrenta uma situação contraditória: juros altos restringem o consumo, mas ao mesmo tempo o governo fomenta o crédito para tentar impulsionar a economia“, destacou.
Velloni também ressaltou que, apesar de possíveis revisões para baixo nas projeções de inflação no Boletim Focus, o cenário ainda não é de alívio estrutural. “Eu não vejo uma tendência clara de desaceleração da inflação no curto prazo. Pelo contrário, vejo espaço para novos repiques“, alertou.
Outro fator que preocupa é o câmbio. Para o economista, o real está “muito subvalorizado” diante da fragilidade fiscal e da falta de sinais claros de contenção de gastos públicos. “O atual patamar do dólar pode não se sustentar. Uma correção no câmbio teria impacto direto no IPCA, pressionando ainda mais a inflação“, afirmou.
Velloni concluiu que o Banco Central deve manter a política monetária mais restritiva por mais tempo, diante da necessidade de controlar o risco inflacionário em um ambiente de incertezas fiscais e expansão do crédito patrocinada pelo governo.