A morte do Papa Francisco reacendeu questionamentos sobre a herança deixada por pontífices. Diferentemente de líderes políticos ou empresariais, o papa, ao assumir o cargo, adota votos de simplicidade e não acumula riqueza pessoal nos moldes convencionais.
Jorge Mario Bergoglio, argentino e jesuíta, vivia com hábitos simples desde seu tempo como arcebispo de Buenos Aires. No Vaticano, manteve a tradição: recusou o apartamento papal e residiu na Casa Santa Marta, uma hospedaria dentro da Cidade do Vaticano. O papa não recebia salário — sua manutenção era custeada diretamente pelo Estado vaticano, que também cobre alimentação, transporte e segurança.
O que acontece com os bens de Papa Francisco?
Por regra, os bens usados pelo papa — como vestes, objetos litúrgicos, móveis e até automóveis — pertencem ao Vaticano, e não ao pontífice. Esses itens são institucionalizados e destinados à preservação histórica ou ao uso por futuros papas.
No caso de objetos pessoais — como livros, escritos, cartas ou pequenos pertences de valor sentimental — o destino pode ser definido em testamento. No entanto, até o momento, não há confirmação oficial de que Francisco tenha deixado um testamento público. Quando isso ocorre, geralmente os bens são doados a instituições de caridade, ordens religiosas ou familiares próximos (caso existam).
Papa pode deixar herança para a família?
Tecnicamente, sim — mas apenas sobre itens de natureza pessoal e limitada. No caso de Francisco, que entrou para a ordem jesuíta ainda jovem, há pouca informação sobre eventuais bens anteriores ao papado. Como membro da Companhia de Jesus, ele também vivia sob votos de pobreza, o que reduz a probabilidade de posse de imóveis, contas bancárias ou ativos patrimoniais.
Diferentemente de líderes de grandes religiões com estrutura familiar, o papa não constitui herdeiros diretos. Seus familiares em Buenos Aires são discretos e, até agora, não se manifestaram sobre questões patrimoniais.
Herança institucional e espiritual
Embora não tenha deixado uma “herança material”, o Papa Francisco deixa uma marca institucional e espiritual profunda. Seu pontificado foi marcado por reformas administrativas, maior transparência financeira no Vaticano, esforços de combate aos abusos na Igreja e aproximação com temas sociais, como pobreza, migração e meio ambiente.