Após um longo período de 235 dias de paralisação, os peritos médicos do INSS anunciaram o fim da greve com a assinatura de um termo de acordo com o governo federal. Este evento marca a maior greve da história da categoria, que buscava a revisão de metas individuais e melhores condições de trabalho. Embora o acordo não tenha atendido plenamente às expectativas dos trabalhadores, ele representa um passo importante para a estabilização do conflito e a segurança dos peritos.
A greve teve início após a quebra de um acordo anterior, assinado durante a gestão de Jair Bolsonaro, que previa a revisão das metas de desempenho dos servidores. Em julho de 2024, o Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou ao governo que ajustasse o programa de desempenho, o que resultou no aumento das metas e contribuiu para a insatisfação dos peritos.
Impactos da greve no INSS
Durante o período de paralisação, a fila de espera por benefícios do INSS atingiu o maior nível desde 2020, com mais de 2 milhões de requerimentos represados em dezembro de 2024. Este acúmulo gerou dificuldades significativas para os segurados, muitos dos quais se encontram em situação de vulnerabilidade.
Com o acordo firmado, espera-se que os cerca de 300 peritos que participaram da greve retornem ao trabalho em breve. A retomada das atividades é crucial para reduzir o tempo de espera dos segurados e normalizar o atendimento no INSS.

Como o acordo afeta os peritos e os segurados?
O acordo assinado prevê que os peritos em greve reporão os dias parados, enquanto o Ministério da Previdência Social restituirá os salários descontados durante a paralisação. Além disso, os segurados que necessitam de atendimento podem utilizar a Central de Atendimento 135 ou acessar o portal Meu INSS para agendar seus serviços.
Para aqueles afastados do trabalho por até 180 dias, o serviço Atestmed oferece a possibilidade de realizar perícias documentais online, eliminando a necessidade de comparecimento presencial, o que facilita o processo para muitos segurados.
Quais foram as repercussões legais da greve?
O impasse entre os peritos e o governo chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde o ministro Gilmar Mendes solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) a avaliação de uma possível investigação contra os grevistas. O ministro argumentou que o direito à greve não é absoluto e não deve se sobrepor aos interesses dos segurados, que dependem dos benefícios previdenciários e assistenciais.
Este desdobramento legal destaca a complexidade do equilíbrio entre os direitos dos trabalhadores e as necessidades dos cidadãos que dependem dos serviços públicos.
Perspectivas futuras para os peritos médicos do INSS
Embora o acordo atual não tenha alcançado todas as demandas dos peritos, a Associação Nacional dos Peritos Médicos Federais (ANMP) reafirma seu compromisso de continuar lutando por uma carreira mais valorizada e respeitada. A expectativa é que, com o tempo, novas negociações possam trazer melhorias significativas para a categoria.
O desfecho da greve representa um alívio temporário para os segurados, mas também ressalta a necessidade de reformas estruturais no INSS para garantir um atendimento mais eficiente e justo para todos os envolvidos.