O empreendedorismo segue como uma das principais rotas para a independência financeira no Brasil. Dados recentes do Ministério do Empreendedorismo indicam que o país já conta com cerca de 16 milhões de microempreendedores individuais (MEIs), número que reforça a força do segmento. Se considerados também os negócios informais, o volume salta para cerca de 34 milhões de brasileiros que vivem ou complementam sua renda com o próprio negócio, segundo estudo do Sebrae com base na PNADC.
Para o especialista em educação financeira e diretor do Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos (Ceape Brasil), Diego Cisneiros, a grande questão está em transformar essas iniciativas em negócios sustentáveis e lucrativos. “Temos visto ano após ano um aumento da procura tanto por microcrédito produtivo orientado quanto por orientação financeira”, afirma.
Em 2024, o Ceape concedeu R$ 238,66 milhões em microcrédito, um avanço de 36% em relação ao ano anterior. Novembro foi o melhor mês do período, com R$ 27,6 milhões liberados para pequenos empreendedores.
Para orientar quem busca estruturar melhor seu negócio, Cisneiros elaborou cinco passos essenciais para uma trajetória de crescimento sustentável:
1. Validar a ideia de negócio
Antes de investir recursos ou buscar financiamento, é fundamental confirmar se o produto ou serviço resolve um problema real. Pesquisas simples e conversas com potenciais clientes podem trazer insights valiosos e evitar erros de percurso.
2. Elaborar um plano de negócios claro
Mesmo que enxuto, um plano de negócios bem estruturado ajuda a entender o investimento inicial necessário, os custos fixos e o prazo estimado para alcançar o lucro. Planejamento reduz riscos e traz clareza sobre a viabilidade da operação.
3. Separar finanças pessoais das empresariais
Manter contas separadas melhora a organização financeira e transmite profissionalismo. Abrir uma conta específica para o negócio, mesmo que simples, já representa um avanço importante.
4. Começar pequeno, mas com visão de expansão
Testar e ajustar o modelo de negócio antes de escalar reduz riscos. É recomendável usar recursos próprios no início e manter custos fixos sob controle, mantendo a visão de crescimento a longo prazo.
5. Usar o microcrédito produtivo orientado com responsabilidade
Quando o negócio já gera faturamento, ainda que modesto, e o objetivo é expansão, o microcrédito pode ser uma solução eficiente. “O dinheiro deve ser direcionado para investimentos que tragam retorno claro, como aquisição de equipamentos ou aumento de estoque”, explica Cisneiros.
Ele alerta que o microcrédito não deve ser utilizado para cobrir despesas pessoais ou dívidas anteriores. Além disso, muitos programas oferecem orientação técnica gratuita ou subsidiada. “Aproveite para aprender sobre fluxo de caixa, precificação e marketing digital”, recomenda.
Segundo Cisneiros, o sucesso no empreendedorismo exige preparo e disciplina financeira. “O objetivo do seu negócio não é apenas sobreviver, mas prosperar. E prosperar exige visão de longo prazo e o uso inteligente das ferramentas disponíveis”, conclui.