“Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, diz um provérbio que ficou famoso nas histórias do Homem-Aranha, personagem dos gibis e de várias produções de Hollywood. Esse ditado pode ser aplicado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que hoje é um dos homens mais poderosos da República. Mas, ultimamente, uma outra máxima pode ser adaptada a partir daquela que surgiu com o super-herói criado por Stan Lee: com grande protagonismo vem o interesse do público.
Por isso, qualquer notícia minimamente relacionada a Moraes ganha matérias na imprensa ou mensagens encaminhadas nas redes sociais. O ministro, hoje, é uma celebridade e arrebanha mais críticos que admiradores – pelo menos é o que diz uma pesquisa Atlas/Intel do ano passado. Neste estudo, a imagem do juiz é vista como negativa por 52% dos entrevistados, contra 47% que pensam o contrário.
São números que, de alguma forma, refletem a polarização em que vivemos. Mas, ao mesmo tempo, demonstram que a maioria dos brasileiros vê com desconfiança a atuação do magistrado no STF. Por isso, é natural que os jornalistas publiquem diariamente histórias sobre ele – incluindo algumas que podem ser vistas como negativas.
É o caso, por exemplo, da viagem feita pelo ministro a São Paulo, em aeronave oficial, em data que coincidiu com véspera da final do campeonato paulista, vencido pelo Corinthians, time de coração de Moraes. O juiz assistiu o jogo no estádio, ao lado de seu colega, Flávio Dino, e alegou questões de segurança para utilizar um avião da Força Aérea Brasileira.
Outro episódio, divulgado nesta semana, mostra que o escritório de advocacia Barci de Moraes, onde trabalham a esposa do juiz, Viviane, e seus dois filhos, foi contratado pelo Banco Master, que está em um processo de venda de parte de suas ações para o Banco Regional de Brasília (BRB).
Embora aparentemente o escritório não atue em casos muito relevantes envolvendo o Master no STF, Moraes teria de responder a insinuações que podem se transformar em acusações.
Trata-se de um desgaste considerável de imagem. Embora não concorra a nenhum cargo público e, portanto, não precise de aprovação popular, a sequência de notícias desfavoráveis a Moraes pode minar sua credibilidade e colocar em questionamento as suas decisões.
Se Moraes começar a ser fustigado com frequência pela imprensa, sua liderança junto aos demais magistrados e sua capacidade formar maiorias em votos importantes no STD podem diminuir.
Será que ele vai se recolher um pouco diante desse noticiário desfavorável?
Dificilmente. Moraes se acostumou com os holofotes e deve permanecer, por um bom tempo, como o centro das atenções do cenário político. Mas o debate sobre suas decisões ganhará outra direção, com as críticas ganhando um tom mais forte. Será que, diante disso, ele vai repetir seu comportamento habitual e dobrar as apostas?
Os próximos dias devem ser palpitantes. Aguardemos.
