Nos últimos anos, o mundo tem testemunhado um aumento significativo na frequência e intensidade das mega secas. Estes eventos, que se caracterizam por períodos de estiagem que duram pelo menos dois anos, têm causado impactos devastadores em diversas regiões. Um estudo recente publicado na revista Science destaca como o aquecimento global e o desmatamento têm exacerbado essas condições, tornando as secas mais severas e prolongadas.
O estudo analisou eventos de seca em todo o mundo entre 1980 e 2018, identificando mais de 13 mil ocorrências. Entre os fatores que contribuem para o agravamento das secas estão o aumento das temperaturas globais, a redução das chuvas em áreas específicas e o aumento da evapotranspiração. Estes fatores, combinados, criam um cenário preocupante para o futuro do abastecimento de água e da segurança alimentar em várias regiões.
Quais são os principais eventos de mega secas no mundo?
Os pesquisadores identificaram os dez eventos de seca mais severos nas últimas quatro décadas. A pior delas ocorreu na bacia do Congo, na África, entre 2010 e 2018, afetando uma área vasta e causando sérios danos ambientais e sociais. Outras regiões severamente afetadas incluem o sudoeste e centro dos Estados Unidos, o Sahel na África Ocidental, a Ásia Central, a Rússia e, notavelmente, o Brasil.
O estudo revela um padrão alarmante: em regiões mais quentes, a falta de chuvas é o principal problema, enquanto em áreas mais frias, a perda de água para a atmosfera é o fator mais crítico. Este fenômeno é agravado por fatores como o aquecimento global, o desmatamento e o fenômeno climático El Niño, que intensificam a frequência e a severidade das secas.
Como o Brasil é afetado pelas mega secas?
O Brasil aparece duas vezes na lista dos dez eventos de seca mais severos do mundo. A primeira ocorrência significativa foi na Amazônia Sul-Ocidental, abrangendo partes dos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso, além de áreas na Bolívia e Peru. Entre 2010 e 2018, essa região enfrentou uma seca devastadora que secou rios importantes, isolou comunidades ribeirinhas e comprometeu o abastecimento de água.
Outro evento crítico ocorreu no Sudeste do Brasil entre 2014 e 2017, afetando principalmente Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Durante este período, o Sistema Cantareira, que abastece milhões de pessoas, operou com níveis críticos de água, chegando a utilizar o “volume morto” em 2015. Esta crise hídrica sem precedentes destacou a vulnerabilidade da região a eventos climáticos extremos.

Quais são as implicações das mega secas para o futuro?
As mega secas representam um desafio significativo para o futuro, especialmente em termos de segurança hídrica e alimentar. Com o aumento das temperaturas globais e a contínua degradação ambiental, espera-se que esses eventos se tornem ainda mais frequentes e intensos. Governos e comunidades precisam adotar medidas proativas para mitigar os impactos das secas, incluindo a implementação de políticas de conservação de água e o fortalecimento das infraestruturas de abastecimento.
Além disso, é crucial aumentar a conscientização sobre a importância da preservação ambiental e do combate ao desmatamento. A adaptação às mudanças climáticas e a promoção de práticas sustentáveis são essenciais para garantir a resiliência das comunidades frente a eventos climáticos extremos como as mega secas.