No programa da BM&C News, Marco Saravalle, CIO da MSX Invest, comentou sobre as recentes falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que afirmou que o presidente Lula estaria fazendo um “esforço além do possível” para ajustar as contas públicas. Para Saravalle, no entanto, o mercado segue cético em relação ao compromisso do governo com o equilíbrio fiscal.
Segundo o analista, embora haja um aparente otimismo no curto prazo — impulsionado pelo apetite global ao risco —, o cenário doméstico continua frágil, especialmente após a aprovação do orçamento de 2025 com despesas subestimadas e receitas superestimadas. “O governo tem dobrado a aposta com medidas como o consignado privado, o que pressiona ainda mais a dívida pública“, alertou.
Mercado de olho no dólar
Saravalle apontou que, apesar de o Banco Central atual manter a política monetária da gestão anterior, o câmbio tem sido o verdadeiro responsável por ancorar expectativas inflacionárias. Ele ressaltou que o real desvalorizado contribui para essa leitura mais positiva de curto prazo, com o dólar sendo revisitado abaixo dos R$ 6.
Governo mira popularidade
Saravalle também destacou que o mercado começa a precificar a perda de confiança dos agentes econômicos diante da falta de medidas concretas para conter o avanço das despesas obrigatórias. “Há uma percepção crescente de que o governo está mais preocupado em reverter a desaprovação nas pesquisas do que em enfrentar o desafio estrutural do déficit fiscal“, afirmou. Para ele, essa desconfiança pode se refletir no comportamento dos investidores estrangeiros, na curva de juros e até mesmo na performance da Bolsa brasileira nos próximos meses
Por fim, o CIO ponderou que ainda é cedo para precificar as eleições de 2026, mas pesquisas recentes mostram uma queda na aprovação do governo, o que pode reduzir as chances de reeleição. Para o mercado, a atenção permanece focada nos fundamentos fiscais e nos desdobramentos da política econômica.