As recentes movimentações econômicas do governo Donald Trump já começam a redesenhar as projeções para 2025. Em entrevista ao BM&C News, o estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, analisou os efeitos das novas tarifas, a política de corte de gastos públicos e o temor de que os Estados Unidos enfrentem um cenário de stagflação – crescimento econômico desacelerado com pressão inflacionária.
Mercado reage ao estilo Trump de governar
O mercado financeiro tem oscilado com a volta de Trump ao comando dos EUA. Após um otimismo inicial com a eleição, houve uma correção, refletindo incertezas sobre a condução da política econômica. Segundo William Castro Alves, esse movimento faz parte de uma reprecificação natural do mercado. “O mercado está sempre tentando se antecipar, e agora já há uma percepção de que 2025 pode ser um ano mais desafiador“, explicou.
Tarifas de Trump e cortes na máquina pública: o remédio amargo
Uma das principais medidas do novo governo foi a imposição de tarifas sobre produtos importados. A justificativa da administração Trump é que as tarifas geram receita extra para o governo e promovem reciprocidade tarifária, já que os EUA historicamente cobram menos tarifas do que outros países. No entanto, a medida pode pressionar a inflação e encarecer produtos para os consumidores americanos.
Paralelamente, Trump também iniciou cortes na máquina pública. O Departamento de Eficiência (DOGE) já anunciou a redução de 10.000 postos de trabalho no governo federal, com novos cortes previstos para os próximos meses. “Quando você reduz gastos públicos e demite funcionários, há um impacto negativo imediato na economia“, destacou Castro Alves.
O risco de stagflação nos EUA
Entre os principais desafios do governo Trump, o risco de stagflação tem ganhado espaço nas análises econômicas. O termo, que combina estagnação econômica com inflação persistente, preocupa investidores e formuladores de políticas. O Secretário do Tesouro Americano, classificou esse cenário como um possível “hangover” – ou seja, uma ressaca econômica causada pelos altos gastos do governo Biden.
Segundo William Castro Alves, o risco de recessão ainda é incerto, mas há sinais de desaceleração econômica. “Se fosse uma recessão clara, os juros teriam despencado, mas o que estamos vendo é um movimento mais contido. O mercado está precificando um cenário de desaceleração econômica, sem espaço para cortes agressivos de juros“, analisou.
Mercado e juros
A incerteza econômica impacta diretamente a política monetária do Federal Reserve. Com o risco de inflação persistente, o banco central americano pode ser forçado a manter juros elevados por mais tempo. A precificação da curva de juros reflete essa cautela, já que, apesar de uma leve queda recente, não há espaço para cortes mais agressivos no curto prazo.
Para os investidores, a mensagem é clara: 2025 será um ano de desafios, com possíveis ajustes fiscais e incertezas sobre a trajetória da inflação. O governo Trump aposta em um remédio amargo no curto prazo para garantir crescimento sustentável no futuro, mas o impacto dessas políticas ainda será testado nos próximos meses.