O mercado de trabalho dos Estados Unidos criou 151 mil empregos em fevereiro, conforme divulgado pelo Departamento do Trabalho nesta sexta-feira (7). Além disso, o dado de janeiro foi revisado para baixo, passando de 143 mil para 125 mil empregos criados no período, sinalizando um ritmo mais moderado na geração de novas vagas.
A taxa de desemprego subiu para 4,1%, levemente acima da expectativa de 4%. Já os ganhos médios por hora trabalhada tiveram uma alta de 0,3% na base mensal, em linha com as previsões do mercado. No acumulado de 12 meses, os salários cresceram 4%, ficando um pouco abaixo da projeção de 4,1%, o que pode indicar uma leve desaceleração na pressão inflacionária dos salários.
Este foi o primeiro relatório de empregos divulgado sob a Presidência de Donald Trump, e economistas apontam que a política comercial de idas e vindas do governo está dificultando o planejamento das empresas. Desde janeiro, a confiança de empresários e consumidores apresentou uma forte queda, eliminando os ganhos registrados após a vitória de Trump nas eleições de novembro.
Dados de emprego e as futuras decisões do FED
Segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, o relatório de emprego já reflete impactos das políticas do governo Donald Trump, especialmente com a redução de vagas no setor público. Ele destaca que a alta na taxa de desemprego para 4,1%, acima da projeção de 4%, foi influenciada diretamente pelo corte de 10 mil postos no governo federal, que praticamente explica a diferença entre o número de empregos criados e o esperado pelo mercado.
Além disso, Cruz aponta que essa tendência de enxugamento do quadro de funcionários públicos deve se estender ao longo do ano, tanto em nível federal quanto estadual, especialmente em estados governados por republicanos alinhados a Trump. No setor privado, setores como saúde e financeiro continuam contratando, mas a incerteza gerada pelas novas tarifas sobre Canadá e México já afeta indústrias como a automobilística, levando empresários a congelar contratações e até considerar demissões. Para Cruz, essa deterioração do mercado de trabalho pode se tornar um fator relevante para as futuras decisões do Federal Reserve, caso a taxa de desemprego acelere de forma mais intensa nos próximos meses.
Já Maykon Douglas, economista, destaca que o payroll mais fraco na margem, com números abaixo do esperado e revisões para baixo, não deve pressionar o Federal Reserve a cortar as taxas de juros no curto prazo. Ele avalia que o mercado de trabalho pode se acomodar nos próximos meses, conforme os efeitos das demissões promovidas pelo DOGE (Departamento de Eficiência) e o impacto do front migratório se tornem mais evidentes. No entanto, Douglas ressalta que o Fed deve manter a cautela, uma vez que a incerteza econômica aumentou e as políticas recentes ainda apresentam riscos altistas para a inflação, o que pode manter a autoridade monetária em um posicionamento mais conservador.