A inflação nos Estados Unidos acelerou mais do que o esperado em janeiro, reforçando a cautela do Federal Reserve sobre a necessidade de cortes na taxa de juros. O índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,5% no mês, acima da projeção de 0,3% dos analistas. No acumulado de 12 meses, a inflação anual ficou em 3,0%, também superando a expectativa de 2,9%.
Preços sobem mais que o esperado e pressionam o Fed
A divulgação dos dados pelo Departamento do Trabalho reforça o cenário de incerteza sobre o futuro da política monetária nos EUA. Em dezembro, a alta mensal foi de 0,4%, já indicando uma inflação persistente. O aumento dos preços no início do ano pode estar relacionado a reajustes de empresas que antecipam impactos de tarifas comerciais mais altas.
O governo Trump implementou novas tarifas sobre produtos importados, o que pode elevar os custos para consumidores e empresas. Em janeiro, uma tarifa de 10% sobre produtos chineses entrou em vigor, enquanto outra tarifa de 25% sobre bens do Canadá e México foi suspensa até março. Economistas alertam que essas medidas podem continuar pressionando os preços nos próximos meses.
Fed sinaliza cautela antes de cortes na taxa de juros
O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou recentemente que “a inflação se moderou um pouco mais no ano passado”, mas destacou que o progresso tem sido “acidentado”. Com a inflação ainda acima da meta de 2%, a possibilidade de cortes nos juros este ano diminui. Atualmente, a taxa de referência está entre 4,25% e 4,50%, após redução de 100 pontos-base desde setembro.
O núcleo da inflação, que exclui preços voláteis de alimentos e energia, subiu 0,4% em janeiro, após um aumento de 0,2% em dezembro. No acumulado de 12 meses, o núcleo do CPI está em 3,3%, também acima da leitura anterior de 3,2%.
Com a resistência da inflação, investidores e analistas monitoram de perto os próximos passos do Federal Reserve, que pode manter os juros elevados por mais tempo para evitar um novo descontrole de preços.