O início de 2025 traz um cenário econômico desafiador, com investidores analisando oportunidades de alocação de recursos em meio a um contexto de incertezas no Brasil e no exterior. Em conversa no podcast Papo de Dinheiro, Guilherme Abbud, diretor de investimentos da Persevera, e Marcos Macedo, consultor de investimentos e head de alocação da Faros Multifamily Office, compartilharam análises sobre perspectivas econômicas e estratégias para o ano.
Segundo Abbud, um dos desafios para 2025 é superar o atrativo rendimento do CDI, que permanece em patamares elevados. “Vai ser um ano, mais uma vez, difícil de bater o CDI. Não porque os outros ativos não vão bem, mas porque o CDI tá muito alto. E essa talvez seja uma das características mais atípicas do Brasil em relação aos outros países”, comentou. Ele apontou que o país ainda enfrenta dificuldades estruturais na transição para taxas de juros mais baixas, o que impacta diretamente as decisões de diversificação.
Marcos Macedo ressaltou a importância da diversificação como estratégia central para enfrentar a volatilidade. “O investidor brasileiro que, na sua maioria, tem um home bias bem relevante, vai precisar cada vez mais aumentar o seu processo de diversificação para conseguir aferir oportunidades mais relevantes nos mercados desenvolvidos com um prêmio relevante e com um menor nível de risco”, explicou. Ele enfatizou que ativos de maior liquidez e prazos mais curtos devem compor boa parte das carteiras em um ambiente de incertezas.
Os especialistas destacaram também as oportunidades em renda fixa, com títulos que oferecem rendimentos atrativos no mercado brasileiro.“Ativos atrelados à inflação ao longo do ano passado trouxeram oportunidades de taxas, IPCA +9%, IPCA +10%”, pontuou Macedo, referindo-se às vantagens dessa classe de ativos para preservar o poder de compra e oferecer retornos interessantes.
No cenário internacional, a política monetária dos Estados Unidos segue influenciando os mercados globais. Abbud acredita que, embora o Federal Reserve adote uma postura mais conservadora em relação aos juros, há espaço para ajustes que beneficiem ativos de risco no médio prazo. “A inflação já caiu, mas as taxas embutidas na maioria dos títulos de renda fixa internacionais não caiu. Então, nos parece uma ótima oportunidade para investir em bonds lá fora”, afirmou, ressaltando as vantagens de diversificar globalmente.
A Bolsa brasileira também foi tema da discussão. Macedo sugeriu estratégias que combinem exposição a empresas locais e internacionais, com foco em setores resilientes e voltados para dividendos. “Estar alocado mesmo em momentos desafiadores é essencial para capturar oportunidades de valorização no médio e longo prazo”, comentou.
Para ambos os especialistas, o equilíbrio entre retornos e riscos será chave em 2025. “Pense menos em percentual do CDI e mais em retorno real acima da inflação. Isso vai ajudar muito a ter o desprendimento necessário para poder ir construindo um portfólio”, disse Abbud.
Em um cenário marcado por desafios e oportunidades, construir portfólios sólidos e diversificados surge como um passo essencial para navegar pelas incertezas econômicas e aproveitar os momentos de recuperação ao longo do ano.