O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos trouxe expectativas e controvérsias sobre o futuro da economia global. Em análise para a BM&C News, Leandro Ruschel, sócio-fundador da Liberta Investimentos, avaliou as primeiras medidas econômicas do republicano e seu impacto nos mercados e na inflação.
Uma das marcas registradas de Trump, as tarifas comerciais, não foram implementadas de imediato no início do mandato. Em vez disso, Trump sinalizou que utilizará essa ferramenta como estratégia de negociação com países como México, Canadá e China. Segundo Ruschel, essa abordagem pode evitar impactos inflacionários negativos.
“Trump parece usar as tarifas como um ‘porrete’ para negociar acordos mais vantajosos para os Estados Unidos, em vez de aplicar taxas de forma indiscriminada, o que poderia prejudicar a economia americana”, explicou Ruschel.
A manutenção das tarifas implementadas anteriormente por Trump e mantidas por Joe Biden, como as aplicadas à China, reforça o uso estratégico desse instrumento.
Inflação e eficiência fiscal
Apesar do receio de que algumas medidas possam aumentar a inflação, Trump tem sinalizado a busca por equilíbrio fiscal como prioridade. Ruschel destacou que a nomeação de Elon Musk para liderar um comitê voltado à redução de gastos públicos é uma demonstração clara dessa intenção. “Trump já congelou a contratação de novos servidores federais, o que é um primeiro passo para conter os gastos da máquina pública. No entanto, ele ainda não atacou a raiz do problema, que são os programas sociais, responsáveis por uma fatia crescente do orçamento”, apontou Ruschel.
Esse foco na eficiência fiscal reflete o desejo de Trump de conter a inflação ao lidar com desequilíbrios orçamentários. Segundo o analista, a abordagem difere do crescimento econômico baseado na expansão de gastos públicos observado na administração Biden.
Para Ruschel, o saldo final das medidas de Trump, até o momento, é positivo para o controle inflacionário. Ele acredita que a agenda pró-crescimento adotada pelo republicano pode gerar uma pressão inflacionária menor do que o modelo de expansão fiscal praticado anteriormente. “Apesar da pressão de curto prazo, a expectativa do mercado é que essa agenda traga maior eficiência no médio e longo prazo, reduzindo a carga sobre o bolso dos americanos”, concluiu.