Com a possibilidade de Donald Trump retornar ao comando dos Estados Unidos, o Brasil se encontra diante de um delicado desafio diplomático e comercial. As políticas protecionistas anunciadas pelo ex-presidente podem gerar impactos significativos para as exportações brasileiras, especialmente no setor agropecuário, que atingiu um recorde histórico em 2024.
Sendo assim, neste cenário, especialistas destacam a necessidade de o governo Lula adotar uma abordagem pragmática para preservar a relação comercial com o maior parceiro fora da Ásia e explorar novas oportunidades no comércio global.
Exportações recordes fortalecem laços comerciais com os EUA
“As exportações brasileiras para os Estados Unidos atingiram um recorde histórico em 2024, refletindo a importância estratégica do mercado americano para o Brasil, especialmente no setor agropecuário”, destacou Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio. Ele reforçou que o setor agropecuário foi o principal motor desse crescimento, o que torna essencial a estabilidade na relação entre os dois países.
Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, comentou que é fundamental que o “governo Lula aja de forma pragmática e estratégica, focando em interesses comerciais e econômicos comuns com os EUA”.
Dessa forma, ele apontou que o fortalecimento do diálogo pode evitar barreiras comerciais e promover parcerias em áreas como transição energética e sustentabilidade. Eyng também destacou que a expansão dos BRICS, com a entrada de países como Arábia Saudita e Irã, exige que o Brasil mantenha um equilíbrio diplomático para evitar antagonismos com os Estados Unidos.
A importância de mitigar riscos protecionistas
André Matos, CEO da MA7 Negócios, alertou que “a sinalização de cordialidade do presidente Lula em relação à posse de Donald Trump é uma estratégia natural”. Ele explicou que as políticas protecionistas prometidas pelo ex-presidente americano podem intensificar tarifas sobre produtos estrangeiros, impactando setores como o agronegócio brasileiro. Segundo Matos, é essencial que o Brasil adote uma abordagem cautelosa para preservar o acesso ao mercado americano.
Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, observou que “o Brasil tem o potencial de se beneficiar do cenário comercial global, desde que adote uma postura diplomática hábil e pragmática”.
Dessa forma, ele citou que, no passado, o Brasil ampliou suas exportações de soja para a China como resultado das disputas comerciais entre Estados Unidos e China. Vasconcellos também destacou a assinatura do acordo comercial Mercosul-União Europeia como um exemplo de como o Brasil pode tirar proveito das incertezas globais.
João Kepler, CEO da Equity Fund Group, afirmou que o “Brasil enfrenta o desafio de equilibrar suas relações comerciais com os EUA em meio à batalha comercial entre Estados Unidos e China”.
Além disso, ele destacou que o governo Trump sinalizou intensificar a taxação de produtos estrangeiros para fortalecer a economia americana. Em suma, Kepler enfatizou que uma estratégia pragmática será crucial para mitigar riscos e proteger os setores econômicos brasileiros mais vulneráveis.