O discurso de posse do presidente Donald Trump marcou o início de seu segundo mandato com declarações contundentes e uma visão agressiva para transformar os Estados Unidos em uma potência ainda maior. As promessas de emergência energética, aumento das exportações de petróleo e gás, além de medidas rígidas contra imigração ilegal, foram destaque. O mercado financeiro reagiu positivamente em alguns aspectos, mas analistas ressaltam que ainda há incertezas sobre os impactos das ações de Trump.
Reação positiva dos mercados pela ausência de menção a tarifas
Para Luís Leal, analista do G5, o mercado viu com bons olhos a ausência de um foco maior em tarifas no discurso inicial de Trump.
- “Os mercados reagiram positivamente porque Trump não focou nas tarifas em seu discurso; ele foi mais explícito em relação à imigração”, explicou Leal.
Ele também destacou que a ausência de menções ao Canadá, aguardada por investidores, foi outro ponto relevante. Segundo Leal, o discurso sobre tarifas a produtos chineses foi percebido como uma estratégia de pressão:
- “O discurso sobre tarifas a produtos chineses é uma forma de pressionar a China para que volte a comprar produtos agrícolas dos EUA.”
No entanto, ele alertou que, caso Trump adote tarifas de maneira mais ampla, o Brasil pode ser prejudicado. “No primeiro mandato, Trump aumentou as tarifas e a China retaliou, beneficiando muito o Brasil. Agora, pode ocorrer o oposto”, avaliou.
Foco em energia e política externa
O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, ressaltou que a postura de Trump em relação ao setor energético era esperada, com a ampliação da exploração de petróleo e gás como prioridade.
- “Ele direcionou, como esperado, a questão da energia para um aumento na exploração de petróleo e gás, destacando que deseja tornar os Estados Unidos ainda mais exportadores nesse setor”, disse Cruz.
Cruz acredita que a exportação de energia para a Europa deve crescer consideravelmente, especialmente devido à crise envolvendo a Rússia e a dependência energética europeia.
- “A exportação para a Europa, por exemplo, deve crescer bastante, especialmente com o conflito envolvendo a Rússia, algo que já vinha acontecendo durante o governo Biden”, explicou.
Promessas conservadoras e o impacto no mercado
Cruz também chamou atenção para o tom conservador do discurso de Trump, destacando o impacto cultural e social que suas propostas podem gerar:
- “Ele mencionou novamente as tarifas, o canal do Panamá, e afirmou que o Golfo do México agora deve ser chamado de Golfo Americano. Comentou que o canal será muito benéfico para a China e que pretende promover mudanças significativas em questões conservadoras e de costumes.”
No entanto, Cruz ponderou que o discurso de Trump seguiu um roteiro já conhecido de sua campanha e do primeiro mandato, sem grandes novidades em termos de novas políticas econômicas.
- “Até o momento, nenhuma medida nova foi anunciada como grande novidade. Será necessário esperar mais pelas primeiras ações para ver se algum movimento impacta diretamente o mercado”, concluiu.
Cenário de incertezas e expectativas futuras
Os especialistas concordam que, embora o discurso tenha trazido alguns sinais de continuidade em políticas econômicas e conservadoras, as ações práticas de Trump serão decisivas para determinar os impactos no mercado.
Luís Leal reforça que o mercado seguirá atento às sinalizações sobre tarifas e comércio exterior, enquanto Gustavo Cruz destaca que o setor de energia poderá ser um dos grandes beneficiados no curto prazo.