Donald Trump reassume a presidência dos Estados Unidos, trazendo expectativas de medidas protecionistas que podem impactar significativamente a economia global. Analistas destacam que o fortalecimento do dólar e o aumento das tensões comerciais são conseqüências prováveis das políticas planejadas.
“Essas medidas protecionistas podem levar a uma guerra comercial, aumentando a incerteza nos mercados e potencialmente desestabilizando fluxos de capital e investimentos globais”, afirma Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.
Cortes fiscais e tarifas: os pilares do plano de Trump
O economista José Alfaix, da Rio Bravo, explica que o fortalecimento do dólar em relação ao real está diretamente ligado às expectativas de juros mais altos nos Estados Unidos. Ele observa: “A apreciação do dólar frente ao real se deve, na maior parte, às expectativas de maiores juros na gestão Trump, especialmente pelo lado fiscal expansionista de seu governo, com os ambiciosos cortes de impostos”.
Alfaix também alerta para o caráter inflacionário dessas políticas, afirmando que “as tarifas de importação propostas têm o potencial de impactar diretamente a dinâmica global do comércio e pressionar moedas de mercados emergentes”.
Impactos para o Brasil: oportunidades e desafios
Segundo Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, a nova configuração global exige adaptações rápidas por parte do Brasil. “Para o Brasil, os impactos podem ser mistos: enquanto o aumento de tarifas sobre produtos chineses pode criar oportunidades para o agronegócio brasileiro, um dólar fortalecido e a desvalorização do real tendem a pressionar a inflação e os custos das importações”, ressalta.
Monteiro também enfatiza a importância de políticas fiscais e cambiais sólidas para proteger a economia nacional em meio a um cenário de incertezas.
Tensões comerciais e volatilidade cambial
André Matos, CEO da MA7 Negócios, observa que o mercado está apreensivo diante da retomada de Donald Trump ao cargo. Ele destaca que “as incertezas envolvendo tarifas, acordos comerciais e tensões globais continuam a pressionar as moedas emergentes, como o real brasileiro”.
A perspectiva de uma economia mais isolacionista dos Estados Unidos também preocupa. Sidney Lima conclui que, “a depender da magnitude das tarifas impostas, o cenário pode levar à reprecificação de ativos em mercados emergentes, aumentando a volatilidade e desafiando investidores globais”.
Atenção para os setores brasileiros
Enquanto os impactos diretos ainda estão sendo avaliados, setores como agronegócio e commodities podem encontrar oportunidades em meio às mudanças. Entretanto, economistas alertam que a volatilidade cambial e o aumento de custos das importações podem pressionar a política monetária brasileira, exigindo ajustes rápidos para mitigar riscos.
“A expectativa de um dólar forte frente ao real trará desafios importantes para a inflação e para a competitividade das exportações brasileiras”, avalia Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital.