Nos últimos meses, o aumento da taxa Selic trouxe impactos relevantes para o mercado imobiliário, afetando o acesso a financiamentos habitacionais e a dinâmica dos preços de imóveis. Carlos Castro, planejador financeiro e CEO da plataforma SuperRico, explicou: “A Selic é um termômetro essencial para o mercado imobiliário, influenciando diretamente os custos dos financiamentos. Quando a taxa está em alta, o crédito se torna mais caro, o que reduz o poder de compra dos consumidores e afeta a valorização dos imóveis”.
Embora o cenário seja desafiador para compradores, a combinação de menor demanda e flexibilizações oferecidas por incorporadoras pode criar oportunidades estratégicas para investidores que estejam bem-preparados.
Como uma entrada maior pode reduzir o impacto da Selic
Com financiamentos mais caros, muitos compradores optam por adiar a aquisição de um imóvel. No entanto, Castro ressalta que alternativas como pagar uma entrada maior podem ser vantajosas: “Uma entrada mais alta reduz o saldo devedor e, consequentemente, o impacto dos juros ao longo do financiamento. Além disso, parcelas menores são mais fáceis de gerenciar e deixam o orçamento familiar menos exposto a oscilações econômicas”.
Outro ponto destacado é a possibilidade de negociações diretas. Segundo Castro, em cenários de juros elevados, “as incorporadoras tendem a oferecer descontos e condições atrativas para estimular as vendas, o que pode ser vantajoso para quem está preparado”.
Estratégias para superar os juros altos
Mesmo em um cenário de Selic elevada, existem formas de adquirir um imóvel sem comprometer o orçamento de forma excessiva. Algumas soluções incluem:
- Consórcios imobiliários: Uma alternativa sem juros, mas que depende de sorteio ou lance.
- Compra à vista: Evita encargos do financiamento, ideal para quem acumulou poupança suficiente.
- Imóveis menores ou em regiões menos valorizadas: Uma forma de reduzir o custo total da aquisição.
- Financiamento inteligente: Aumentar a entrada, escolher o sistema de amortização mais adequado (SAC ou Tabela Price) e negociar diretamente com vendedores.
Além disso, Castro destaca a importância de poupar durante períodos de juros altos. Investimentos como Tesouro Selic e CDBs de liquidez diária podem ajudar a acumular uma entrada maior, tornando a compra mais vantajosa no futuro.
Planejamento financeiro: o primeiro passo para uma compra segura
Para Castro, o planejamento é a chave para transformar desafios em oportunidades: “O mercado imobiliário se adapta às condições econômicas. Quem se planeja adequadamente encontra boas oportunidades, mesmo em cenários adversos”.
Revisar o orçamento familiar e criar uma reserva financeira são passos fundamentais. Ferramentas como simuladores de financiamento e calculadoras de juros compostos ajudam a projetar o impacto financeiro de diferentes cenários. Castro também sugere avaliar o perfil financeiro e renegociar dívidas para aumentar as chances de aprovação de financiamentos em condições mais vantajosas.
Escolhendo o financiamento ideal para o seu perfil
A escolha do financiamento é um passo decisivo na compra de um imóvel. Entre os modelos mais comuns estão:
- SAC (Sistema de Amortização Constante): Parcelas mais altas no início, que diminuem ao longo do contrato.
- Tabela Price: Parcelas fixas durante todo o período, com juros mais elevados no saldo inicial.
“Não existe um financiamento universalmente melhor. A escolha depende do perfil financeiro do comprador, da capacidade de entrada e do planejamento”, orienta Castro.
Simuladores de bancos, planilhas de planejamento e calculadoras de juros compostos são ferramentas essenciais para comparar opções e tomar a melhor decisão.