A montagem de motocicletas no Brasil envolve frequentemente o uso da sigla CKD, que significa Completely Knocked-Down, ou “completamente desmontado” em português. Este modelo de produção permite que as fabricantes enviem componentes separados para serem montados localmente, atendendo às demandas do mercado brasileiro de formas específicas e vantajosas.
Apesar de parecer que as motos não são ‘fabricadas’ no Brasil, essa estratégia é amplamente utilizada devido a uma série de fatores, incluindo incentivos fiscais e a oportunidade de adaptar certos processos ao contexto local. O polo industrial de Manaus, por exemplo, se destaca como o principal centro dessa atividade, facilitado por isenções tributárias oferecidas pelo governo.
O que é o CKD e por que ele é utilizado?
CKD representa um método de montagem em que as motocicletas são enviadas em kits desmontados para serem montadas no destino. Este processo comercial é especialmente útil para marcas que desejam operar em mercados estrangeiros sem a necessidade de instalar fábricas completas. Envolver processos locais, como a pintura e o uso de componentes produzidos nacionalmente, também é uma prática comum, que não só economiza custos mas também atende a regulamentações locais exigentes.
Com a montagem CKD, todas as etapas, desde o recebimento das peças até o controle de qualidade e a expedição da motocicleta pronta, podem variar de acordo com cada marca e suas estratégias de mercado. Algumas marcas, como Royal Enfield e Bajaj, já implementaram linhas de montagem CKD, respectivamente em parceria com a Dafra e em instalações próprias.
Quais marcas adotam o CKD no Brasil?
No Brasil, várias fabricantes de renome global, como a Triumph, Ducati, Kawasaki e Suzuki, operam com o sistema CKD. Essas montadoras recorrem a parcerias locais para montar e distribuir suas motocicletas, aproveitando os benefícios econômicos e logísticos proporcionados por esse modelo. Entretanto, as gigantes Honda e Yamaha são exceções notáveis, realizando quase todo o processo de fabricação em suas unidades brasileiras.
Embora Honda e Yamaha mostrem um domínio fabril abrangente, elas ainda participam do intercâmbio de peças entre suas unidades internacionais, como determinados modelos de alta cilindrada. Isso demonstra como a lógica do CKD pode ser adaptada aos interesses e capacidades de cada empresa, mesmo com instalações próprias.
Por que Manaus é central para o CKD no Brasil?
A localização das unidades de montagem CKD no polo industrial de Manaus não é uma coincidência. O governo brasileiro oferece incentivos significativos para empresas que se estabelecem na área, tornando a produção mais econômica e competitiva. Isso atraiu diversas montadoras ao longo dos anos para a região, segmentando Manaus como um centro vital de produção de motocicletas no país.
No entanto, nem todas as operações de CKD acontecem ali. Uma exceção é a operação da Shineray, uma marca chinesa que realiza suas montagens no Complexo de Suape, próximo a Recife. Este caso ilustra como diferentes estratégias podem ser adotadas dependendo dos objetivos e da identidade corporativa de cada empresa.
A Estratégia e o Futuro do CKD
O uso do CKD no Brasil revela como a estratégia pode ser uma via eficaz para a expansão de mercado e a adaptação à realidade econômica e regulatória local. Com o crescimento do setor automotivo e as mudanças nas políticas industriais, é provável que o CKD continue a evoluir, podendo incorporar técnicas mais avançadas de produção e logística no futuro.
A observação do desenvolvimento contínuo deste modelo pode fornecer visões valiosas para outras indústrias que buscam expandir sua presença global sem necessariamente construir infraestruturas completas e independentes em cada novo mercado.