O mundo enfrenta um cenário de endividamento público e privado, impulsionado por políticas monetárias e fiscais expansionistas durante a pandemia. No programa BM&C Strike, o empresário e investidor Otávio Fakhoury analisou os desdobramentos econômicos globais e nacionais, destacando o impacto das altas taxas de juros e da falta de confiança dos investidores no Brasil.
Fakhoury aponta que a dívida global alcançou níveis historicamente elevados, com países como os Estados Unidos, Japão e Europa enfrentando dificuldades em rolar suas dívidas devido à competição por capital. No Brasil, o cenário é agravado pela ausência de medidas fiscais críveis. Apesar de um superávit comercial que sustenta a moeda, o aumento do déficit público e a falta de cortes significativos de despesas pelo governo têm gerado desconfiança no mercado.
“O mercado tem precificado um risco de crédito maior para o Brasil, o que resultou na elevação da taxa de juros real para níveis acima de 8%. Isso desanima investidores, tanto nacionais quanto internacionais, e compromete o acesso ao crédito para empresas e famílias”, destacou o investidor.
A situação fiscal do país foi comparada a episódios de hiperinflação vividos na Argentina e no Brasil dos anos 1980. Fakhoury reforçou a importância de medidas de austeridade fiscal, como cortes em despesas obrigatórias, para reverter o atual quadro. “Sem sinalizar ações efetivas, o governo corre o risco de enfrentar crises mais graves, com uma desancoragem cambial e aumento da pobreza”, concluiu.
No cenário internacional, os desafios não são menores. O aumento das taxas de juros globais, especialmente nos EUA e Europa, expõe fragilidades no sistema financeiro. Grandes economias, como a americana, vivem um paradoxo: enquanto o consumo impulsiona o PIB, o setor industrial enfrenta uma recessão técnica. A dependência global de crédito coloca os bancos centrais sob pressão para equilibrar inflação e crescimento.
O programa abordou a urgência de um plano fiscal sólido e ações concretas para restaurar a confiança no Brasil e evitar um agravamento da crise econômica.