O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (23) pelo Banco Central revelou ajustes importantes nas projeções de mercado para os próximos anos, com destaque para uma leve alta na inflação e na taxa básica de juros, além de uma desvalorização cambial mais intensa do que o esperado anteriormente. Os dados refletem as incertezas fiscais e monetárias que podem impactar a economia brasileira.
Inflação em alta nos próximos anos
As expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) sofreram elevações em quase todos os períodos analisados:
- 2024: passou de 4,89% para 4,91%.
- 2025: subiu de 4,60% para 4,84%.
- 2026: permaneceu estável em 4,00%.
- 2027: aumentou de 3,66% para 3,80%.
Esses números reforçam o desafio de manter a inflação dentro das metas estipuladas, especialmente em um ambiente de pressões fiscais e cambiais.
Crescimento do PIB revisto
No campo do Produto Interno Bruto (PIB), as revisões foram discretas, mas indicam tendências de crescimento moderado:
- 2024: de 3,42% para 3,49%.
- 2025: de 2,01% para 2,02%.
- 2026: caiu de 2,00% para 1,90%.
- 2027: manteve-se em 2,00%.
Apesar de uma leve melhora nas projeções para os próximos dois anos, a queda prevista para 2026 sugere preocupações com a capacidade de manutenção do ritmo de crescimento.
Câmbio: dólar acima de R$ 6
As projeções para a taxa de câmbio também sofreram alterações, com o dólar projetado para superar a marca de R$ 6 em 2024:
- 2024: de R$ 5,99 para R$ 6,00.
- 2025: de R$ 5,85 para R$ 5,90.
- 2026: de R$ 5,80 para R$ 5,84.
- 2027: de R$ 5,70 para R$ 5,80.
Esses ajustes refletem a percepção de desvalorização do real diante de incertezas econômicas e fiscais.
Juros altos por mais tempo
As projeções para a taxa Selic também indicam que o mercado acredita na necessidade de juros elevados por mais tempo para controlar as pressões inflacionárias:
- 2025: de 14,00% para 14,75%.
- 2026: de 11,25% para 11,75%.
- 2027: permaneceu em 10,00%.
O penúltimo Boletim Focus de 2024 trouxe uma visão ainda mais desanimadora para o cenário econômico brasileiro, com projeções elevadas para inflação, dólar e Selic, acentuando os desafios para 2025. Para Marco Prado, apresentador do Pre-Market, o relatório confirma que “nada é tão ruim que não possa piorar“, refletindo um ambiente de incertezas em que a desvalorização do real, a pressão nos preços e a manutenção de juros elevados demonstram a dificuldade em equilibrar as contas públicas e sustentar o crescimento econômico no próximo ano.