As recentes mudanças legislativas no Brasil introduzem novas regras para benefícios sociais e a política de ajuste fiscal do governo. Entre os principais ajustes, está a alteração na forma de cálculo do salário mínimo e mudanças significativas no Benefício de Prestação Continuada (BPC). Essas medidas são parte de um pacote de ajuste fiscal que o governo espera implementar para conter despesas.
Essas mudanças estão gerando debates significativos entre legisladores e especialistas. A proposta já aprovou duas emendas constitucionais no Congresso, que tornam o processo de revisão das regras de benefícios sociais uma parte central do esforço de controle de gastos fiscais. Com o texto pronto para sanção presidencial, vários pontos continuam a suscitar discussões acaloradas.
Como as alterações impactam o salário mínimo?
A política de valorização do salário mínimo no Brasil passa a considerar novos parâmetros, alinhados ao arcabouço fiscal. Em vez de simplesmente somar a inflação anual com o crescimento real do PIB de anos anteriores, a nova regra estabelece que o aumento do salário mínimo será limitado ao crescimento das despesas orçamentárias, não excedendo 2,5% ao ano.
- A alta do salário mínimo continuará sendo acima da inflação, mas agora está vinculada aos limites de crescimento fiscal.
- O aumento real deve ficar entre 0,6% e 2,5%, descontada a inflação.
- Espera-se que a nova regra economize R$109,8 bilhões entre 2025 e 2030, principalmente impactando aposentados e pensionistas.
O que muda no Benefício de Prestação Continuada?
As mudanças propostas para o BPC visam restringir a definição de elegibilidade, embora o Senado tenha suavizado algumas dessas restrições após protestos. Anteriormente, qualquer pessoa com deficiência e idosos de baixa renda eram elegíveis para o BPC. As novas diretrizes sugeriram que somente casos de deficiência moderada ou grave fossem contemplados.
- O governo planeja vetar mudanças que limitavam o BPC a casos moderados ou graves.
- O cálculo de renda familiar para o BPC foi ajustado, não incluindo a renda do cônjuge não coabitante.
- Atualizações de cadastros são agora mandatórias para aqueles desatualizados por mais de 24 meses.
Por que a biometria se torna obrigatória?

A biometria será um requisito para o recebimento de benefícios sociais, como o BPC e o Bolsa Família. Anteriormente, isso era apenas necessário para o BPC, conforme estabelecido por portarias do governo. Com a nova legislação, todos os beneficiários de programas de transferência de renda devem ter uma biometria válida atualizada a cada 24 meses.
- A exigência biométrica objetiva melhorar a fiscalização e evitar fraudes nos programas sociais.
- Cidadãos em áreas remotas ou com limitações de saúde estão isentos até que o governo disponibilize meios adequados para o cadastramento.
- O prazo para regularização antes de uma suspensão de benefícios foi estendido de 90 para 180 dias.
Implicações para o Fundo Constitucional do DF
As propostas iniciais para limitar os aportes ao Fundo Constitucional do Distrito Federal, que financia despesas com segurança, saúde e educação, foram alteradas. Os parlamentares do DF argumentaram com sucesso pela exclusão da limitação na correção dos valores pela inflação. Atualmente, o fundo tem garantido pela União um repasse anual reajustado com base na receita corrente líquida.
Essas decisões refletem os complexos desafios que o governo enfrenta ao tentar equilibrar o orçamento, manter a transparência e responsabilidade fiscal, enquanto ainda atende às necessidades sociais fundamentais em um país com vastas desigualdades econômicas e sociais.