O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afastou qualquer relação entre a intervenção no câmbio e a chamada dominância fiscal, ao destacar o papel do mercado cambial para diferentes setores da economia. Segundo ele, as preocupações com hedge (proteção cambial) vão além do mercado especulativo e da tradicional região financeira paulista conhecida como “Faria Lima”.
Campos Neto ressaltou que empresas envolvidas em importações e exportações também sofrem impacto direto do câmbio e das taxas de juros ao estruturar o fluxo de caixa para suas operações. “Quando o mercado está procurando hedge, ele não é só a Faria Lima. Empresas que fazem importações e exportações também se preocupam com juros e câmbio”, explicou o mandatário do BC.
O papel do hedge e a influência sobre os juros
O presidente do Banco Central enfatizou que a busca por hedge cambial pode gerar transbordamento para a taxa de juros, um fenômeno comum no mercado financeiro. Isso ocorre porque a necessidade de proteção contra variações cambiais é parte essencial da estratégia das empresas para mitigar riscos, principalmente em operações internacionais.
“Essas empresas precisam equilibrar suas operações financeiras, e isso reflete na preocupação com o câmbio e com os juros. Faz parte do processo”, disse Campos Neto, rejeitando as críticas sobre possível relação com dominância fiscal.
Intervenção cambial: BC garante não defender preço do dólar
Campos Neto foi enfático ao afirmar que o Banco Central não defende um preço específico para o dólar e reiterou a independência da política monetária da autarquia. Segundo ele, a intervenção no câmbio visa reduzir a volatilidade e garantir o bom funcionamento do mercado, sem influenciar artificialmente a cotação da moeda.
“A gente, de nenhuma forma, acha que isso é dominância. E essa é a razão pela qual a gente nunca defenderá um preço no câmbio”, concluiu Campos Neto.
Importância do mercado cambial para a economia real
A fala do presidente do BC reforça a necessidade de considerar a diversidade dos agentes econômicos ao analisar o mercado cambial. Não se trata apenas de especulação financeira, mas também de operações de empresas exportadoras, importadoras e demais setores que dependem da estabilidade no câmbio e nos juros para manter suas atividades.
Com isso, Campos Neto buscou desmistificar a visão limitada que atribui o comportamento do mercado cambial apenas às operações especulativas concentradas na região da Faria Lima.