O Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos deve anunciar cortes graduais de juros em 2025, mas com um tom mais cauteloso. A combinação entre inflação resistente, economia surpreendentemente robusta e as incertezas em torno das políticas fiscais do presidente eleito Donald Trump traz desafios adicionais para o banco central.
Embora os investidores apostem em uma redução mais conservadora das taxas de referência no próximo ano, as atenções estão voltadas para as novas projeções econômicas do Fed e, principalmente, para os comentários de Jerome Powell, presidente do banco central, que falará logo após a divulgação da decisão.
Cortes de juros em ritmo mais lento
A expectativa inicial de cortes agressivos começou a perder força. Em setembro, o Fed projetou uma queda de um ponto percentual na taxa de referência, aproximando-a de 3,4% ao final de 2025. Porém, dados recentes de inflação mostram que os preços continuam acima da meta de 2%, o que pressiona o Fed a adotar uma abordagem mais cautelosa.
De acordo com uma pesquisa recente da Reuters, 58 de 99 economistas acreditam que o banco central não reduzirá as taxas em sua próxima reunião, marcada para janeiro, logo após a posse de Donald Trump.
Os números da economia dos EUA seguem surpreendendo. Dados de novembro apontam crescimento nas vendas do varejo, enquanto o desemprego permanece em níveis baixos. Esse cenário de “economia sólida”, como descreve o próprio Fed, torna mais complexa a decisão de afrouxar a política monetária.
Para Diane Swonk, economista-chefe da KPMG, a reunião desta semana reforçará a necessidade de “uma pausa” nos cortes. Segundo ela, “a economia está mais forte do que o Fed previa quando começou a flexibilização em setembro.”
Trump e a nova dinâmica econômica
Com Donald Trump assumindo a presidência em 20 de janeiro, surgem novas incógnitas para o cenário econômico. As possíveis mudanças nas políticas fiscais e de imigração podem impactar diretamente a trajetória da inflação e do crescimento econômico nos EUA, exigindo do Fed um acompanhamento ainda mais atento.
A próxima reunião do banco central ocorre dias após a posse de Trump, nos dias 28 e 29 de janeiro. Esse encontro deve ser crucial para sinalizar a velocidade e o volume dos cortes previstos para 2025.
A coletiva de imprensa de Jerome Powell será o grande destaque da semana. Economistas e investidores esperam que o presidente do Fed forneça sinais mais claros sobre os próximos passos, equilibrando o tom entre uma economia resiliente e a necessidade de controle da inflação.
“O ritmo dos cortes pode ser mais lento do que o previsto inicialmente, e o debate será acirrado”, conclui Swonk.