Empresas com recursos parados em depósitos judiciais podem ganhar eficiência financeira ao utilizar o seguro garantia. Essa foi a principal recomendação de Lucas Fardo, Head de Seguros da Fami Capital, durante entrevista à BM&C News. A solução ajuda a liberar capital imobilizado, otimizando o fluxo de caixa e proporcionando maior liquidez.
O que é o seguro garantia e como funciona?
Lucas explicou que o seguro garantia surgiu para substituir garantias em processos licitatórios e expandiu sua aplicação para o âmbito judicial. “Nos processos cíveis, fiscais ou trabalhistas, a justiça exige que sejam depositados valores ou bens em juízo. O seguro garantia surge como uma alternativa eficiente, com taxas competitivas e emissão ágil”, afirmou.
De acordo com Lucas, as empresas podem economizar ao substituir depósitos em juízo pelo seguro garantia. “As taxas variam de 0,2% a 1,5% ao ano, sendo muito mais vantajosas que imobilizar bens ou recorrer a uma carta fiança”, pontuou ele. Além disso, o processo de emissão da apólice pode ser concluído entre 15 e 20 dias.
Como o seguro impacta a liquidez das empresas?
O uso do seguro garantia proporciona um impacto direto na liquidez. Ao liberar recursos anteriormente parados em juízo, as empresas conseguem realocar o capital de forma estratégica. “Se uma empresa tem 10 milhões depositados, pode liberar esse valor, pagar uma taxa anual mínima e investir o dinheiro em operações que gerem retorno superior”, explicou Lucas.
Ele acrescentou que essa prática também evita o uso de limites bancários, liberando crédito adicional: “Por que imobilizar um bem ou usar crédito bancário caro se há mais de 30 seguradoras com soluções competitivas no mercado?”
Quem pode contratar?
Lucas esclareceu que qualquer empresa pode aderir ao seguro, desde que tenha boa saúde financeira e pelo menos três anos de atuação. “É necessário apresentar os três últimos balanços patrimoniais, balancete atualizado e contrato social. Com esses documentos, a seguradora realiza uma análise de risco e define a taxa e o limite de cobertura”, detalhou.
Quais setores se beneficiam mais?
Apesar de setores como exportação e energia utilizarem o seguro em maior escala, Lucas destacou que o produto é aplicável a todas as empresas. “Todos os setores estão sujeitos a processos judiciais, seja fiscal, tributário ou trabalhista. Esse seguro oferece segurança jurídica e alivia a necessidade de imobilização de bens”, afirmou.
Incentivo no Brasil
Lucas destacou que o seguro garantia é pouco conhecido e poderia ser mais incentivado por governos e órgãos reguladores. Ele citou os Estados Unidos como referência: “Lá, a cultura do seguro é mais disseminada, inclusive com a obrigatoriedade de contratação em algumas atividades profissionais”.
No Brasil, o mercado de seguro garantia cresce anualmente, mas ainda há um longo caminho. Lucas acredita no potencial: “Temos um volume significativo de capital depositado em juízo. Com mais informação e incentivo, o seguro garantia pode liberar recursos, melhorar o fluxo de caixa e impulsionar a economia.”
Lucas finalizou incentivando as empresas a explorarem o tema. “Há muitas companhias que ainda imobilizam bens ou contratam garantias menos vantajosas. O seguro garantia é um produto econômico, ágil e desburocratizado. Abrir essa conversa pode ser o primeiro passo para melhorar a eficiência financeira.”