O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne nesta quarta-feira (11) para decidir o próximo ajuste na taxa Selic. A expectativa do mercado gira entre uma elevação de 0,75 ponto percentual e 1 ponto percentual, com diferentes implicações para a economia brasileira, desde a inflação até o mercado de crédito.
Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus, destaca a postura agressiva que um aumento mais expressivo pode representar. “Um aumento dessa magnitude pode ser interpretado como uma postura mais agressiva para conter a inflação, o que eleva as incertezas sobre o crescimento econômico interno”, afirma.
Impacto no mercado financeiro e confiança
Para Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, a decisão reflete um ajuste importante para recuperar a confiança do mercado. “Nesse momento, o que a economia precisa é um ajuste de confiança do comprometimento do governo com o controle da inflação. Um aumento de 100 bips ajudaria a acalmar o dólar e demonstrar comprometimento com o ajuste de inflação”, explica. Ele ainda ressalta a necessidade de cortes fiscais para resultados mais sustentáveis.
Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, acredita que um aumento mais moderado de 0,75% ainda seria suficiente para mostrar ação contra a inflação, especialmente após os últimos dados do IPCA. “Esse movimento reforça a credibilidade do Banco Central e pode reduzir as expectativas inflacionárias para 2025. Mas o impacto nos consumidores e empresas será sentido, com financiamentos e empréstimos ficando mais caros”, avalia.
Reflexo na inflação e no câmbio
Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, observa que a elevação dos juros tem vantagens claras. “Sinalizaria firmeza e comprometimento com a estabilidade de preços, crucial para mitigar os efeitos da depreciação cambial e do pacote fiscal”, explica. Contudo, ele alerta que um aumento agressivo pode intensificar o impacto recessivo.
No mercado de câmbio, Jefferson Laatus complementa que uma Selic mais alta pode atrair capital estrangeiro devido ao diferencial de juros com os Estados Unidos. “Isso fortalece o real no curto prazo, mas também eleva as incertezas sobre o crescimento econômico”, conclui.
Setores mais afetados pela decisão do Copom
O aumento da Selic traz reflexos importantes para setores como construção civil e pequenas empresas. Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest, explica que o setor da construção será diretamente impactado: “Uma Selic mais alta encarece o crédito, afetando o financiamento imobiliário e desacelerando lançamentos e vendas”.
Já João Kepler, CEO da Equity Fund Group, pontua o impacto nas empresas brasileiras. “O custo de capital se eleva, impactando startups e pequenos negócios que dependem de crédito, enquanto o consumo interno pode frear”, destaca. Por outro lado, ele menciona que o aumento da Selic pode atrair investimentos estrangeiros e fortalecer o câmbio.
Cenário de transição no Banco Central
A reunião do Copom ocorre em um momento de transição no comando do Banco Central, com o fim da gestão de Roberto Campos Neto e a chegada de Gabriel Galípolo. Felipe Uchida, da Equus Capital, considera a decisão um movimento crucial: “Busca conter a inflação projetada em 4,84% para 2024, mas pode pressionar a dívida pública e a economia no curto prazo”.
O comunicado do Copom será determinante para o mercado entender os próximos passos do Banco Central. A expectativa é de que o comitê dê sinais claros sobre sua política monetária e a resposta ao cenário fiscal.