O gestor e sócio da MAG, Sérgio Machado, fez críticas ao pacote fiscal apresentado pelo governo federal e alertou para os efeitos da falta de pragmatismo na condução econômica do país. Em análise feita no BM&C News desta quinta-feira (5), Machado destacou que o mercado, inicialmente leniente com o governo, foi perdendo confiança ao longo do tempo devido a decisões que priorizaram o aspecto político em detrimento do técnico.
“O mercado acreditava que haveria mais pragmatismo do que efetivamente vimos. A primeira ruptura aconteceu em maio, quando ficou claro que o arcabouço fiscal apresentado não era tão sólido quanto esperado. Desde então, o dólar, que estava na faixa de R$ 5, começou a escalar, refletindo a deterioração das expectativas”, afirmou Machado.
O gestor classificou o pacote fiscal mais recente como “frustrante”, apontando que ele não se trata de um corte efetivo de gastos, mas de uma desaceleração no ritmo de crescimento das despesas. “É um pacote ruim que perdeu a conotação técnica ao virar algo extremamente político, especialmente com a inclusão de medidas como a mudança no Imposto de Renda, feitas em um momento inadequado”, criticou.
Impactos no mercado
A falta de pragmatismo do governo, segundo Machado, tem ampliado a pressão sobre o Banco Central, que, isolado, recorre à elevação da taxa de juros para tentar conter as expectativas inflacionárias e a instabilidade cambial. “A única arma do Banco Central é o juro. Com o mercado questionando a eficácia dessa estratégia isolada, cresce a pressão sobre o dólar e a ansiedade geral no mercado”, alertou.
Para o gestor, o governo tem desperdiçado o tempo necessário para implementar ajustes consistentes. “O que era positivo, o tempo, foi sendo gasto de forma ineficiente. Hoje, temos um cenário de desconfiança, com o dólar e os juros refletindo as dúvidas do mercado sobre a capacidade do governo de entregar resultados concretos”, concluiu Machado.