O Brasil está em uma posição fortalecida para lidar com as incertezas globais. Foi essa a mensagem do diretor de Política Monetária do Banco Central e futuro presidente da instituição, Gabriel Galípolo, durante sua participação no Fórum Político da XP Investimentos, em São Paulo, nesta segunda-feira (2).
Galípolo destacou que o país conta com dois importantes pilares econômicos: reservas internacionais significativas e um regime de câmbio flutuante. Para ele, essas ferramentas são cruciais em tempos de incerteza no cenário global.
Cenário internacional adverso e impactos para emergentes
Entre os desafios do mercado externo, Galípolo apontou a força do mercado norte-americano, que tem atraído recursos e reduzido a atratividade de investimentos em mercados emergentes. “Hoje, é mais vantajoso adquirir uma empresa emergente e levar o capital para os EUA do que operá-la no mercado local, devido ao desempenho superior da Bolsa americana”, afirmou.
O diretor também comentou a influência das políticas norte-americanas, como a introdução de novas tarifas, que têm gerado incerteza e afetado a liquidez global. Segundo ele, a economia dos EUA tem uma elevada capacidade de atrair recursos, limitando as possibilidades de financiamento e crescimento para países emergentes.
Mudança na diretoria e continuidade da política cambial
Com a iminente chegada de Nilton David, indicado para sucedê-lo na Diretoria de Política Monetária, Galípolo reforçou que não espera alterações significativas na condução da política cambial. “Nilton é extremamente capacitado e deve se adaptar rapidamente à dinâmica do Banco Central”, ressaltou.
Ele garantiu que o câmbio flutuante continuará desempenhando um papel central na política econômica do Brasil e que a atuação do Banco Central no mercado de câmbio permanecerá limitada a casos de disfuncionalidade.
A importância do câmbio flutuante em tempos de incerteza
Galípolo enfatizou que o regime de câmbio flutuante é um dos pilares da economia brasileira, permitindo ao país navegar por cenários desafiadores com flexibilidade. “A definição de disfuncionalidade ainda é tema de debate entre economias asiáticas e latino-americanas, mas o Brasil tem mantido uma abordagem sólida e consistente”, afirmou.
Segundo ele, os leilões de linhas cambiais realizados no final do ano são ações sazonais e não se confundem com intervenções voltadas ao controle do câmbio. “Ideias de controlar câmbio só sobrevivem longe da cadeira de diretor de Política Monetária”, brincou Galípolo.