Quase dois anos de mandato se passaram, e a pergunta permanece: qual é a agenda do governo Lula 3? Até agora, o que temos visto é uma gestão sem direção clara, que responde a pressões políticas e econômicas de forma reativa, mas sem apresentar um projeto consistente para o desenvolvimento do país, e que responde a pressões políticas e econômicas enxugando gelo com propostas vazias, sempre culpando o mercado.
Aliás, quando culpa o mercado, o objetivo é só jogar para a torcida e confundir a massa, já que a maior parte enxerga o mercado financeiro como um playboy da Faria Lima, cuja única função seria humilhar os pobres, e não o responsável por orquestrar e financiar o desenvolvimento das empresas e da economia.
A ausência de uma agenda e os gastos desenfreados frustram o mercado porque minam a confiança de quem produz, investe e empreende no Brasil.
O Ibovespa e o câmbio são apenas os termômetros que medem a febre antes da doença chegar. Aí, espera-se o governo decidir qual será o remédio. A divergência ocorre quando o governo oferece dipirona para um problema que somente poderia ser resolvido com antibiótico.
Essa postura de confronto do presidente Lula, que afirma ter “vencido o mercado uma vez e que vai vencer de novo”, é contraria à estratégia de seu primeiro mandato, quando uma “Carta ao Povo Brasileiro” foi crucial para acalmar os ânimos e estabelecer confiança na condução econômica. O que temos hoje é um governo que parece perdido, inexperiente e sem o mínimo de boa vontade para fazer o simples.
O recente pacote anunciado pelo ministro Fernando Haddad, prometendo economizar R$ 70 bilhões em dois anos, já nasceu desidratado. O mercado, que aguardava medidas robustas para reequilibrar as contas públicas, recebeu mais uma série de promessas genéricas e metas incertas, dependentes de aprovações legislativas complexas e improváveis no curto prazo. Isso foi apresentado com música de fundo e imagens de pessoas felizes, em um tom sereno e calmo.
A mudança nas metas do arcabouço fiscal é outro exemplo que expõe o descompromisso dessa gestão. O superávit primário, prometido para 2024, foi adiado para 2027. Ou seja, teremos um mandato inteiro de déficit fiscal e uma dívida pública 14% maior ao final de Lula 3.
Previsibilidade e disciplina fiscal parecem estar fora das prioridades do governo. Em um cenário global onde países emergentes competem por capital e buscam aumentar sua produtividade, o Brasil prefere alimentar a máquina estatal com mais gastos enquanto procrastina reformas essenciais.
No entanto, o impacto da ausência de uma agenda concreta vai muito além dos interesses apenas do mercado. Essa falta de planejamento compromete o futuro de pilares essenciais.
Sem metas claras e coragem para enfrentar desafios estruturais, o Brasil perde mais terreno em um cenário global que exige competitividade, inovação e eficiência.
O que precisamos é de menos fantoches gerenciando crises e mais líderes fortes, com visão estratégica e capacidade de unir os outros poderes e a iniciativa privada em busca de uma economia forte e sustentável. Precisamos é de um governo.