A Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão vinculado ao Senado, avaliou que as medidas anunciadas pelo governo para corte de gastos são insuficientes para reverter os déficits primários projetados para 2025 e 2026. Segundo o órgão, além de não atenderem plenamente às metas fiscais, algumas iniciativas carecem de detalhamento, o que reforça as incertezas sobre o alcance das propostas.
A IFI estima que o governo enfrentará um déficit de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a R$ 147,1 bilhões, em 2025, caso não sejam aplicados abatimentos. Mesmo com os abatimentos, o déficit deve ficar em 0,8% do PIB, ou R$ 102,9 bilhões, ainda distante da meta oficial de resultado neutro.
Para 2026, o cenário é semelhante: o déficit projetado sem abatimentos é de 1,2% do PIB, ou R$ 163,5 bilhões. Com abatimentos, a estimativa é de 0,8% do PIB, ou R$ 107,8 bilhões. A meta oficial para esse ano é um superávit de 0,25% do PIB, objetivo considerado inalcançável dentro do contexto atual.
De acordo com a IFI, o Brasil enfrenta um desequilíbrio fiscal estrutural e persistente, que afeta diretamente variáveis macroeconômicas como inflação, juros e câmbio. Esse cenário representa um risco significativo para a sustentabilidade da dívida pública no longo prazo.
“Vale ressaltar que essa piora vem desde o primeiro semestre de 2024, quando as metas fiscais de 2025 e 2026 foram alteradas, aumentando a percepção de desequilíbrio nas contas públicas”, aponta o relatório da instituição.
A IFI destaca que o contexto fiscal atual pode desestabilizar os mercados, elevar os custos de financiamento do governo e pressionar ainda mais os índices de inflação e a taxa de juros. A sustentabilidade da dívida pública, que depende de um ajuste fiscal mais robusto, está ameaçada, caso medidas adicionais não sejam implementadas.