O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira (29), com falas de Lira, na direção de aprimorar e aprovar medidas na Câmara, que foram acompanhadas por investidores. De toda forma, se seguiu o ranço do mercado com possível perda de receitas com isenção do IR
Segundo análise de Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, o Ibovespa oscilou hoje (29), em meio a incertezas fiscais e declarações de líderes políticos. O movimento do Ibovespa nesta quarta-feira refletiu o clima de tensão e incerteza que paira sobre o mercado. O principal índice da bolsa brasileira iniciou o dia em queda acentuada, evidenciando a desconfiança dos investidores em relação à credibilidade do governo e à falta de clareza nas medidas fiscais anunciadas, como o pacote de R$ 70 bilhões. Pela manhã, o índice chegou a tocar os 123.946,16 pontos, pressionado principalmente pelas ações sensíveis ao ciclo econômico e pelos bancos, que foram duramente penalizados.
No entanto, o cenário mudou no início da tarde. A recuperação das bolsas americanas e declarações de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, reforçando o compromisso com o ajuste fiscal, injetaram ânimo no mercado. O Ibovespa ensaiou uma reação encostou nos 125 mil pontos, ainda que de forma tímida e sem dissipar as preocupações de longo prazo.
Entre os destaques positivos, ações de gigantes como Vale e Petrobras registraram alta, impulsionadas pela valorização do petróleo no mercado internacional. Esse alívio pontual, no entanto, não foi suficiente para afastar o clima de cautela. Apesar da recuperação intradiária, o mercado continua em alerta. A mensagem é clara: sem um plano fiscal concreto e crível, a volatilidade deve seguir marcando presença no pregão brasileiro.
Na minha visão, o cenário atual revela um clima de incerteza que tem pressionado tanto o dólar quanto os juros futuros. Vejo que a demora do governo em apresentar medidas concretas de corte de despesas alimenta a desconfiança dos investidores, que começam a questionar se o pacote fiscal será robusto o suficiente para atender às metas. Isso cria um ambiente de aversão ao risco, impulsionando o dólar para cima e elevando as taxas de juros futuras. Para piorar, o cenário externo também pesa, com a força do dólar global e a queda de preços de commodities, como minério de ferro, pressionando ainda mais o real.
A expectativa é de que o dólar continue com seu viés de alta até que o governo revele as medidas fiscais, o que deve acontecer entre segunda e terça-feira. Se o pacote não for convincente, a moeda americana pode manter sua trajetória de valorização, com a possibilidade de oscilar entre R$ 5,80 e R$ 5,90. Em um mundo onde a inflação nos EUA continua a ser uma preocupação e tensões geopolíticas persistem, é difícil imaginar um cenário em que o dólar perca força tão cedo. O real, por sua vez, pode continuar sofrendo até que o mercado sinta uma confiança renovada nas finanças públicas do Brasil.
Na minha opinião, a recuperação do real parece um caminho cheio de obstáculos. A chave para essa reversão estará nas medidas fiscais e na capacidade do governo de mostrar que tem controle sobre os gastos. Se o pacote não for robusto ou se houver novos atrasos, o real deve continuar na defensiva, especialmente com o dólar forte e as commodities pressionando. No entanto, se as medidas trouxerem um mínimo de confiança, poderemos ver uma recuperação gradual, mas isso ainda está longe de ser certo. O mercado está de olho e, até lá, o real pode continuar lutando para ganhar terreno.
Entre as altas, temos as ações da Cosan, Ultrapar e Braskem, que se destacaram, impulsionadas por um movimento de recuperação das perdas recentes. Apesar de acumularem uma queda de 15% no mês, a reversão nos juros futuros ajudou a melhorar o sentimento do mercado e a valorizar esses ativos.
Por outro lado, setores mais sensíveis, como consumo, alimentos e educação, operaram no negativo. Localiza, Yduq e Assaí lideraram as quedas do índice nesta sexta-feira, refletindo a pressão sobre esses papéis em meio ao ambiente de incertezas econômicas.
Na próxima semana, com o ambiente doméstico ainda cercado de incertezas fiscais, os mercados devem permanecer atentos aos próximos desdobramentos políticos e econômicos. Será essencial observar como o governo buscará reverter a reação negativa ao pacote anunciado, além de eventuais novos ajustes no plano fiscal. A agenda internacional também segue relevante, com investidores de olho nos próximos dados de inflação nos EUA e no avanço das discussões comerciais e geopolíticas. Sem clareza fiscal, a volatilidade no câmbio e nos ativos brasileiros tende a continuar, mantendo o mercado em estado de alerta.
Confira abaixo os dados de fechamento do Ibovespa e demais índices
- Ibovespa: 125.667,83 (+0,85%)
- Dólar: R$ 6,00 (+0,20%)
- Euro: R$ 6,34 (+0,41%)