O debate sobre a política monetária e o cenário econômico brasileiro se intensifica à medida que a inflação ultrapassa o teto da meta, mesmo com uma Selic elevada. Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, o Brasil já vive um cenário claro de dominância fiscal, onde as condições fiscais comprometem a eficácia da política monetária.
“É evidente que estamos em dominância fiscal. As expectativas de inflação vêm subindo de forma contínua nas últimas 16 semanas, mesmo com juros altos há um bom tempo. Isso demonstra que o impacto da política monetária está sendo limitado pelos riscos fiscais”, destacou Agostini.
O contraponto
VanDyck Silveira, economista, discorda da avaliação de que o Brasil já vive uma dominância fiscal, mas reconhece que o país está muito próximo dessa condição. “Ainda não chegamos lá, mas estamos no limite.
Silveira avalia ainda que o Brasil se aproxima de um momento decisivo para a política monetária. Embora ele não concorde plenamente com a necessidade, Silveira reconhece que um aumento da Selic superior a 1% pode ser a última cartada do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para recalibrar as expectativas inflacionárias. “Um movimento ousado como esse teria o poder de surpreender o mercado e realinhar as expectativas econômicas, ainda que traga riscos significativos para a atividade econômica e o emprego”, afirmou.
“O que resta saber é como o Banco Central vai reagir e, mais importante, se o mercado estará pronto para aceitar o remédio amargo — ou se o custo será alto demais para suportarmos.” completou o economista.