A recente alta do dólar para máximas históricas colocou o Banco Central em uma posição desafiadora. A desvalorização cambial elevou os custos de produtos importados, acentuando o chamado pass-through da moeda para os preços internos e impactando as expectativas de inflação.
Segundo Walter Maciel, CEO da AZ Quest, a falta de medidas fiscais eficazes amplia a responsabilidade do Banco Central na condução da política monetária. “Quanto mais desvalorizado o real, maior a pressão inflacionária. Isso obriga o Banco Central a agir sozinho”, afirmou.
Projeções para os próximos meses: inflação acima de 5,5%
As previsões para 2025 indicam uma inflação acima de 5,5%, número que pode forçar o Banco Central a adotar medidas severas de elevação dos juros. “Se olharmos de forma técnica, são necessárias duas altas consecutivas de 100 pontos-base nas próximas reuniões para conter essa tendência”, apontou Maciel.
Esse cenário reflete a dificuldade em alinhar as políticas fiscal e monetária. “Quando o governo não faz sua parte, o Banco Central precisa tomar decisões mais duras”, explicou o especialista.
Além dos desafios macroeconômicos, a transição de liderança no Banco Central traz novas incertezas. Apesar disso, há confiança na equipe técnica e na continuidade do trabalho. “É uma cadeira pesada, mas a instituição possui processos sólidos e técnicos experientes que mantêm o foco nas obrigações”, declarou o CEO da AZ Quest, referindo-se às recentes declarações do próximo presidente do BC.
A falta de um ajuste fiscal robusto é apontada como um agravante para o atual cenário econômico. Maciel destaca que a coordenação entre políticas fiscal e monetária seria mais eficiente e menos prejudicial ao mercado. “Uma política fiscal potente combinada com ajustes monetários permite uma implementação mais suave e eficaz”, finalizou.