O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, acumulou uma queda de 21,28% em dólares até 21 de novembro de 2024, segundo dados da consultoria Elos Ayta. Esse desempenho marca o pior resultado desde 2015, quando o índice despencou 41,03%. A análise aponta a valorização do dólar como principal fator para o declínio, que afeta não só os números em dólares, mas também a percepção de risco do mercado brasileiro pelos investidores estrangeiros.
O impacto da alta do dólar nos investimentos
De acordo com Einar Ribeiro, analista responsável pelo estudo, a valorização de 20,16% do dólar Ptax este ano foi determinante para o desempenho negativo da Bolsa. Ele observou ainda que, em reais, o Ibovespa já acumula queda de 5,41% no ano, mas, em dólares, o impacto é muito mais severo.
Historicamente, há uma relação clara entre a alta do dólar e o declínio do Ibovespa. “Em 2002, por exemplo, o dólar disparou 52,27%, e o índice caiu 45,5%. Já em 2009, quando o dólar recuou 25,49%, o Ibovespa subiu expressivos 145,16% em dólares”, relembrou Ribeiro.
Setores mais prejudicados: transporte, educação e varejo
Entre os setores mais afetados, o transporte aéreo lidera com as maiores perdas. As ações da Azul registraram uma queda de 74,74% em dólares, seguidas pelas empresas de educação Cogna (-68,52%) e Yduqs (-62,18%), que continuam enfrentando desafios significativos para recuperar os níveis de desempenho pré-pandemia.
O varejo também foi duramente impactado. As ações do Magazine Luiza caíram 64,56%, enquanto as gigantes do setor de alimentos, Carrefour e Assaí, recuaram 57,82% e 57,31%, respectivamente. Segundo Ribeiro, a confiança do investidor nesses setores ainda é limitada, agravada pelo cenário econômico instável.