A Petrobras divulgou seu Plano Estratégico para 2025-2029, com mudanças significativas que impactam diretamente o mercado financeiro. Frederico Nobre, head de análises da Warren Investimentos, avalia que a nova estratégia traz elementos positivos, como o aumento da geração de caixa e a previsibilidade de dividendos, mas também reforça preocupações sobre a execução dos projetos e o retorno de certos investimentos.
“Minha avaliação é positiva. A tese de Petrobras está fortemente associada ao carrego, e o mercado deve reagir bem à maior previsibilidade de dividendos”, destacou Nobre. Com um yield estimado em 12% no cenário base, a estatal mantém seu foco em atrair investidores com uma política de remuneração robusta, mesmo diante de um contexto político incerto com eleições presidenciais em 2026.
Investimentos maiores e preservação de caixa
O novo plano prevê um aumento de 9% nos investimentos totais, subindo de US$ 102 bilhões para US$ 111 bilhões. Apesar disso, a Petrobras optou por diluir os gastos ao longo do tempo, com menores desembolsos previstos para os dois primeiros anos do planejamento. Segundo Nobre, essa abordagem traz vantagens importantes.
“A decisão de alongar a curva de dispêndio de capital é estratégica, pois preserva o caixa no curto prazo, garantindo maior resiliência em um momento de incerteza política e econômica”, afirmou.
Diversificação com riscos
Entre os investimentos, a fatia destinada a Refino, Transporte e Comercialização (RTC) teve um aumento de 33%, equivalente a US$ 4 bilhões adicionais. Projetos como BioRefino e Fertilizantes ganham mais relevância, mas Nobre alerta que essas iniciativas apresentam retornos mais baixos quando comparados às operações de pré-sal, principal ativo da Petrobras. “O aumento nos investimentos em RTC reflete a intenção da empresa de diversificar suas operações, mas é necessário cautela. Historicamente, a Petrobras enfrenta dificuldades de execução e atraso em cronogramas”, pontuou.
Ainda assim, ele reconhece que o equilíbrio entre avanços no pré-sal e diversificação pode fortalecer a tese de investimento da estatal, desde que os projetos sejam executados de maneira eficiente.
Previsibilidade em tempos de incerteza
Outro ponto positivo destacado por Frederico Nobre é a revisão para cima da projeção de geração de caixa livre, alinhada à distribuição de dividendos consistentes. “Isso traz um alívio para investidores que buscam previsibilidade, especialmente em um cenário onde a volatilidade política pode afetar o planejamento estratégico da companhia”, afirmou.
O analista também observa que o mercado tende a reagir bem à combinação de dividendos atrativos e investimentos diluídos no curto prazo. Essa estratégia é vista como uma forma de equilibrar as necessidades de expansão com o compromisso de gerar valor para os acionistas.