O mercado de ouro sempre ocupou um lugar especial na carteira de investidores e no cenário financeiro, sendo visto como um ativo de proteção em tempos de incerteza. Recentemente, o valor do metal precioso registrou um aumento de 1.8%, alcançando quase 2.600, reacendendo o interesse sobre como o ouro era negociado no Brasil. Francisco Alves, operador de mercado relembrou como funcionavam as negociações.
A era das barras de ouro na BMF
Durante os anos 80 e 90, o ouro teve grande liquidez na BMF, especialmente após a suspensão das operações com índices futuros. As barras de ouro negociadas tinham um peso padrão de 250 gramas, com um teor de pureza de 249,75 gramas devido à adição de ligas de cobre. Alves explicou que a negociação era feita exclusivamente por meio de contratos, sem a troca física das barras. “O operador recebia uma nota de corretagem e um certificado, e a barra permanecia sob custódia indicada pela BMF. A manipulação da barra não era comum, pois, ao ser retirada, precisava ser purificada novamente para venda, perdendo parte de sua pureza e valor”, afirmou Alves.
A importância da custódia e a estrutura dos contratos
A custódia das barras de ouro na BMF era fundamental para garantir a integridade do ativo. Caso um investidor optasse por retirar uma barra de ouro e posteriormente desejasse vendê-la, seria necessário um processo de purificação que reduzia seu teor de pureza, inviabilizando sua negociação em contratos integrais. Além disso, a BMF oferecia opções de ouro fracionário, como oz1, oz2 e oz3, permitindo a negociação de menores quantidades e democratizando o acesso ao metal.
O fim das negociações de ouro e a diversidade do mercado futuro
Com o passar dos anos, a BMF descontinuou as negociações de ouro, levando investidores a buscar alternativas fora da bolsa, como fundidoras. “As negociações de ouro spot na bolsa foram paralisadas há algum tempo”, lembrou Alves, destacando que o mercado futuro, mesmo sem o ouro, continuou sendo um pilar das operações com contratos de outros ativos, como dólar, café e boi. Ele exemplificou que um contrato de café, por exemplo, representava 60 sacas de 100 kg, enquanto um contrato de boi correspondia a cerca de 17 a 18 animais com peso médio de 670 kg. “O mercado futuro é estruturado para facilitar grandes operações sem movimentação física imediata”, explicou.