Nos últimos anos, a evolução tecnológica tem desempenhado um papel significativo na maneira como as pessoas se conectam e interagem. Contudo, apesar do incremento nas interações digitais, muitos relatam um profundo sentimento de solidão. Uma pesquisa recente realizada por Laura Marciano na Universidade de Harvard revelou que mais de 50% dos adolescentes entrevistados não se comunicaram com ninguém, presencialmente ou online, na última hora de suas entrevistas. Este fenômeno levanta a questão de como a tecnologia está influenciando nossos relacionamentos interpessoais.
A solidão foi declarada uma epidemia pelo chefe de saúde pública dos Estados Unidos, Vivek Murthy, no final do ano passado. Este veredito gerou um aumento nas pesquisas sobre a ligação da tecnologia com este sentimento isolador. De fato, a ascensão dos smartphones e das redes sociais alterou profundamente nossas normas sociais de comunicação. É essencial entender como essa transformação afeta nossa percepção de conexão e solidão.
Como a tecnologia está relacionada à solidão?
A pesquisa de Marciano e de outros acadêmicos sugere uma correlação significativa entre o uso da tecnologia e sentimentos de solidão. Embora não se possa concluir que a tecnologia torne diretamente as pessoas solitárias, há evidências de que seu uso pode ser prejudicial quando conduzido de maneira não saudável. Durante a pandemia, diversos estudos apontaram que o uso excessivo das redes sociais estava ligado à tendência de se sentir sozinho, especialmente quando as comparações entre indivíduos eram frequentes.
Por que as comparações nas redes sociais são prejudiciais?
Comparações sociais são um comportamento humano natural, mas nas redes sociais, elas são amplificadas de formas que podem gerar sentimentos de inadequação e isolamento. Aplicativos como Instagram e Facebook incentivam os usuários a buscar validação através de curtidas e compartilhamentos, levando muitos a compartilhar apenas os aspectos mais glamorosos de suas vidas. Este cenário pode gerar o sentimento conhecido como “FOMO” (medo de ficar de fora), e a constante comparação pode resultar em inveja, diminuindo a autoestima.
- O número de curtidas e comentários pode ser fonte de comparação entre amigos.
- Comparar-se com influencers pode causar baixo autoestima.
- Comparações podem afetar até mesmo a percepção dos pais sobre o desenvolvimento de seus filhos.
Mensagens de texto estão substituindo conexões genuínas?
O método mais utilizado de comunicação entre adolescentes é a mensagem de texto que, embora prática, pode não proporcionar a conexão necessária para um relacionamento autêntico. Marciano observou que muitos relatavam ansiedade quando uma resposta demorava a chegar. Além disso, poucas pessoas recorrem a chamadas de vídeo, que oferecem mais contexto e autenticidade, elementos essenciais para se sentir verdadeiramente conectado.
A mudança para formas mais ricas de comunicação, como chamadas de vídeo ou mensagens de áudio, pode auxiliar aqueles que se sentem solitários a conectar-se de maneira mais significativa com outras pessoas.
O futuro das interações digitais
O entendimento da relação entre tecnologia e solidão continuará evoluindo à medida que novos aplicativos e dispositivos se tornam parte do cotidiano. Ferramentas emergentes, como inteligência artificial generativa, já estão sendo vistas por adolescentes como substitutas para interações humanas, o que traz novas dimensões para esta investigação.
Para combater a solidão num mundo cada vez mais digital, é necessário um retorno às interações autênticas e a consciência dos efeitos da tecnologia em nossa saúde mental. Incentivar a comunicação presencial e o uso equilibrado das plataformas digitais pode ajudar a promover um senso mais profundo de comunidade e pertencimento.