O Ministério da Fazenda teria indicado aos presidentes da Câmara e do Senado um corte de 70 bilhões de reais em gastos ao longo dos próximos dois anos. O plano prevê a redução de cerca de 30 bilhões de reais em 2025, com o restante sendo distribuído em cortes em 2026, conforme informações obtidas pela revista Veja.
A possibilidade de um corte substancial nos gastos públicos ocorre em meio à expectativa do mercado pela apresentação de um pacote abrangente de medidas de controle de despesas, que o governo federal havia prometido para após as eleições municipais. Essas eleições ocorreram há quase três semanas, e a demora para o anúncio gerou crescente apreensão entre agentes econômicos.
Especialistas do mercado consideram que a implementação dessas medidas pode reforçar a sustentabilidade do novo arcabouço fiscal, além de sinalizar um compromisso mais firme com a estabilidade das contas públicas. Para muitos analistas, a confirmação do pacote de cortes poderá reduzir o nível de ceticismo que tem predominado nas últimas semanas e fortalecer a confiança de investidores em relação ao ambiente fiscal do Brasil.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, analisou a situação: “Melhor que seja um valor mais alto mesmo, que demonstre algum esforço para reduzir os gastos. Não vai ser uma redução rápida, acredito que quase nenhuma medida. Nem sabemos se todas serão aprovadas, ano está acabando e a Reforma Tributária ainda não foi aprovada. Se os economistas conseguirem traçar cenários que a dívida/PIB pare de crescer nos próximos anos, já acalma muito.”
Jeferson Bittencourt, head de macroeconomia do ASA, analisou o cenário com cautela. “Não acredito que esse anúncio sozinho trará uma mudança significativa nos preços, a menos que venha acompanhado de sinais claros de que as medidas ajudarão a alcançar melhores resultados fiscais, o que melhoraria as perspectivas para a taxa de juros e a trajetória da dívida.”