Com o aumento das desigualdades econômicas em escala global, os problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, têm se tornado mais frequentes entre as populações de baixa renda. Um relatório recente da Organização das Nações Unidas (ONU), denominado “Economia do Burnout: Pobreza e Saúde Mental”, destaca que indivíduos em situação de pobreza enfrentam um risco três vezes maior de desenvolver esses transtornos.
O relator especial da ONU, Olivier De Schutter, identificou uma conexão entre a busca incessante por crescimento econômico e o aumento da carga de trabalho, o que frequentemente leva a condições laborais precárias. Essa situação tem impactado não apenas os mais pobres, mas também a classe média, que vive sob a constante ameaça de queda para a pobreza.
Como a carga excessiva de trabalho está associada aos transtornos mentais?
Um dos principais fatores associados ao estresse e aos transtornos mentais é a carga de trabalho incessante, muitas vezes em horários irregulares. Essa realidade é especialmente prevalente entre trabalhadores de plataformas digitais e aplicativos, que precisam estar disponíveis 24 horas por dia, sete dias por semana. O resultado é um desequilíbrio significativo entre a vida profissional e pessoal, gerando estresse continuo.
A irregularidade nos horários de trabalho contribui para a incerteza financeira, já que muitos trabalhadores não sabem quando ou quanto irão trabalhar. Esta precariedade exacerba os sentimentos de ansiedade e vulnerabilidade, afetando negativamente a saúde mental dessas populações.
Principais Mecanismos:
- Estresse crônico: a sobrecarga de trabalho constante gera altos níveis de estresse, que, quando prolongados, podem levar ao esgotamento físico e emocional.
- Distúrbios do sono: as preocupações com o trabalho, a dificuldade de desligar e as longas jornadas podem levar à insônia e outros distúrbios do sono, comprometendo a saúde mental.
- Dificuldade em conciliar vida pessoal e profissional: a sobrecarga de trabalho muitas vezes leva a uma negligência da vida pessoal, afetando relacionamentos e atividades de lazer, que são fundamentais para o bem-estar.
- Sentimento de inadequação: a pressão por resultados e a alta demanda podem gerar um sentimento de incapacidade e inadequação, minando a autoestima e a autoconfiança.
- Isolamento social: a dedicação excessiva ao trabalho pode levar ao isolamento social, dificultando a busca por apoio e aumentando o risco de depressão e ansiedade.

Quais outros fatores influenciam a saúde mental?
A ansiedade climática também emerge como um fator relevante. Catástrofes naturais, como inundações e secas extremas, não apenas destroem as fontes de renda, mas também alimentam a instabilidade econômica e emocional das comunidades afetadas. Em um cenário onde as mudanças climáticas são cada vez mais frequentes, esse fator agrava as tensões já existentes.
A compreensão dos impactos do clima na saúde mental ganhou destaque, pois evidencia como ambientes instáveis e eventos climáticos extremos afetam profundamente a qualidade de vida das populações em situação de vulnerabilidade.
Quais medidas podem ser adotadas pelos governos?
De acordo com o relatório, uma solução para mitigar esses problemas envolve a implementação de políticas que abordem diretamente as desigualdades e as inseguranças financeiras. Entre as propostas estão a adoção de uma renda básica universal, que garantiria um mínimo necessário para afastar o risco de pobreza, e o apoio a economias sociais e solidárias.
A colaboração entre organizações não governamentais, tais como sindicatos e movimentos sociais, busca criar alternativas ao paradigma econômico atual, com enfoque na redução da pobreza e na melhoria da saúde mental.
O futuro das políticas públicas para a saúde mental
Espera-se que novas propostas, visando um equilíbrio entre crescimento econômico e bem-estar social, sejam apresentadas em 2025. O foco está em desenvolver estratégias que não apenas abordem as condições imediatas de trabalho, mas que também ofereçam suporte à saúde mental das populações mais vulneráveis.
Essa abordagem abrangente, voltada para a inclusão de perspectivas sociais e solidárias, visa proporcionar não apenas segurança econômica, mas também melhorar a qualidade de vida de maneira sustentável e duradoura.
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