Segundo análise de Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, o mercado seguiu em compasso de espera quanto às medidas fiscais discutidas pelo governo, especialmente após a inclusão do Ministério da Defesa no pacote de cortes de gastos. Fica claro que a falta de clareza sobre a implementação dessas medidas adiciona incerteza e aumenta a cautela entre os investidores.
Além disso, o foco nos balanços corporativos e a volatilidade das ações de grandes empresas, como Petrobras e Vale, contribuem para o tom negativo do pregão. Nos EUA, foi divulgado pela manhã o índice de inflação ao consumidor (CPI) que veio em linha com o esperado, o que trouxe alívio moderado aos mercados americanos. Ainda assim, a incerteza sobre os próximos passos do Federal Reserve quanto à política de juros persiste, refletindo no apetite dos investidores por ativos de risco e impactando o Ibovespa negativamente.
A curva de juros futuros está em alta em praticamente toda a sua extensão, indicando, ao meu ver, que o mercado ainda precifica incertezas quanto ao cenário fiscal e à política monetária. Esse movimento reflete a espera por definições do governo sobre cortes de gastos, além de receios quanto ao controle da inflação no Brasil. A expectativa de estabilidade do câmbio e atuação do Banco Central ajudam a conter pressões imediatas, mas a percepção de risco fiscal é o que mantém os juros futuros pressionados.
Entre as maiores altas de hoje, temos CVCB3. A valorização da CVC reflete o otimismo do mercado com os sinais de melhoria operacional, apesar das reservas ainda pressionadas. A empresa segue em um processo de reestruturação e tem focado em produtos mais rentáveis, o que começa a mostrar resultados positivos. Essa leve recuperação na lucratividade é bem vista pelos investidores, que parecem estar mais confiantes na retomada gradual da companhia, embora os desafios no setor de turismo ainda persistam.
Outra alta é de EMBR3, que apresentou um trimestre sólido, com aumento significativo nas entregas de aeronaves e margens robustas. O ajuste no guidance para 2024 trouxe alguma cautela, mas o desempenho acima das expectativas no trimestre e a redução na dívida líquida evidenciam a resiliência da empresa. Esse cenário impulsiona o sentimento positivo e sugere que a companhia está bem posicionada para capturar novas oportunidades, principalmente no segmento de defesa.
Entre as quedas, temos RAIZ4, que enfrenta um cenário desafiador, com volume de cana-de-açúcar e margens de distribuição de combustíveis abaixo das expectativas. A revisão para baixo nos volumes anuais de cana adiciona preocupação quanto à capacidade da empresa de cumprir suas metas, o que reflete o ceticismo dos investidores e resulta em pressão negativa nas ações.
Outra queda é de IRBR3. Apesar do lucro acima das expectativas e do progresso no turnaround, IRB ainda enfrenta desconfiança do mercado. A empresa continua lidando com a falta de visibilidade sobre um ROE sustentável, e essa incerteza quanto à consistência de seus resultados parece manter os investidores cautelosos, o que pressiona as ações para baixo.
HAPV3 também cai após ter apresentado resultados abaixo do esperado, impactados por provisões contingenciais relacionadas a disputas judiciais. Embora a geração de caixa tenha sido um ponto positivo, as incertezas quanto ao aumento dos custos legais geram preocupação. Com isso, o mercado ajusta suas expectativas para um cenário de maior cautela em relação ao desempenho futuro da companhia.
Confira os dados de fechamento do Ibovespa e demais índices
- Ibovespa: 127.733,88 (+0,03%)
- S&P 500: 5.985,43 (+0,02%)
- Nasdaq: 19.230,74 (+0,26%)
- Dow Jones: 43.958,44 (+0,11%)
- Dólar: R$ 5,78 (+0,31%)
- Euro: R$ 6,11 (-0,08%)