As expectativas em torno das políticas climáticas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva foram altas, mas a apresentação recente da nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) levantou questões significativas. A meta coloca o Brasil entre os poucos países que continuarão a emitir mais de 1 gigatonelada de CO₂ por ano. Especialistas destacam a possibilidade do governo brasileiro ajustar essa direção antes de oficializar suas metas perante as Nações Unidas na COP29.
O contexto brasileiro apresenta preocupações quanto às metas de emissão de gases de efeito estufa. Com uma queda significativa nas emissões brutas, de 2,6 bilhões para 2,3 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente entre 2022 e 2023, o Brasil continua pressionado a demonstrar liderança na agenda climática global, especialmente com eventos climáticos extremos afetando o país e outras nações. Isso é de particular importância para a COP29.
Quais são os Desafios da COP29?
Em Baku, a ênfase está em como financiar os esforços climáticos globais. Os trilhões necessários para prevenir os impactos do aquecimento global levam as nações a negociações complexas sobre responsabilidades financeiras. O desafio da COP29 é superar a divisão histórica entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento, um ponto que pode ser agravado pela política internacional, como o possível retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.
Um resultado bem-sucedido em Baku envolveria um compromisso significativo de financiamento climático, além de medidas concretas para avançar na transição para energias mais limpas. Isso inclui a redução gradual do uso de combustíveis fósseis, expressão que deve ganhar destaque nas deliberações da COP29.
Brasil: Redução de Desmatamento e a Agenda de Exploração de Petróleo
Com uma diminuição notável no desmatamento, o Brasil chega à conferência como um importante protagonista. A taxa de desmatamento na Amazônia caiu 30,6% e no Cerrado 25,8%, ambas comparações anuais. Apesar disso, especialistas argumentam que para ser reconhecido como um líder climático global, o Brasil deve influenciar a agenda internacional na COP29, não apenas se concentrar em questões internas.
O futuro da exploração do petróleo na Margem Equatorial representa um dilema ambiental significativo. A Petrobras busca há anos autorização para perfurações na região, e um potencial avanço desse setor pode contrastar com os compromissos climáticos do país na COP29.

É Possível Alcançar Compromissos Mais Ambiciosos?
A transição para Belém em 2025 exigirá metas climáticas mais ambiciosas de todos os signatários do Acordo de Paris. Atualmente, os compromissos existentes não são suficientes para limitar o aquecimento global a 1,5 °C. As nações precisarão adotar metas mais ousadas que possam ser implementadas até a próxima rodada de negociações na COP29.
A relevância do Brasil nas discussões internacionais também depende de seu papel na promoção de soluções sustentáveis e inovação em modelos de financiamento climático. O país deve se posicionar como um mediador proativo entre as demandas por cortes de emissões e a continuidade do desenvolvimento econômico, especialmente durante a COP29.
Transição Energética e a Redução de Combustíveis Fósseis
A raiz da crise climática, a queima de combustíveis fósseis, permanece um ponto focal para as discussões. O consenso científico apoia a necessidade de um plano claro e executável para uma transição assertiva dessas fontes de energia. Natalie Unterstell, especialista em política climática, destaca que é crucial que a COP29 avance nas estratégias para eliminar progressivamente o uso de combustíveis fósseis, cumprindo o legado deixado pela COP28.
Com esses desafios em perspectiva, a contribuição efetiva do Brasil nas negociações climáticas da COP29 é vital não apenas para a imagem do país, mas para o esforço global em mitigar as mudanças climáticas e seus impactos.