O consumo de álcool representa um desafio significativo para a saúde pública no Brasil, conforme revelado por um estudo desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Com uma média de 12 mortes por hora atribuídas ao consumo de álcool, o impacto deste comportamento é alarmante. Em 2019, o país contabilizou 104,8 mil mortes, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Este dado ressalta a urgência em abordar o assunto de forma mais efetiva.
A pesquisa destaca que os homens são os mais afetados, representando 86% das mortes relacionadas ao álcool, com causas centradas em doenças cardiovasculares, acidentes e violência. As mulheres, embora em menor número, também enfrentam riscos consideráveis, especialmente em relação a doenças cardiovasculares e câncer. Este panorama evidencia a necessidade de intervenções direcionadas, considerando as especificidades de cada gênero.
Quais são os custos econômicos do consumo de Álcool?
Além das consequências de saúde, o álcool gera um peso financeiro substancial para o Brasil. Em 2019, o custo foi avaliado em R$ 18,8 bilhões. Estes custos são divididos em despesas diretas, como hospitalizações no Sistema Único de Saúde (SUS), e despesas indiretas, como a perda de produtividade devido a mortes prematuras ou licenças médicas. Os dados indicam que os homens representam cerca de 78% dos gastos totais, realçando a disparidade de consumo entre os gêneros.
Os gastos com saúde pública estão distribuídos de forma desigual, com as despesas federais diretas atingindo R$ 1,1 bilhão. O restante são custos indiretos, refletindo a complexidade do problema e suas ramificações na sociedade. Este montante, apesar de já elevado, segundo o pesquisador Eduardo Nilson, ainda não reflete completamente o custo real, dado que omite despesas da saúde privada e outros impactos econômicos.
Como o consumo de álcool varia entre homens e mulheres?
O consumo de álcool entre mulheres, conforme a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, mostra que apenas 31% relataram ter ingerido bebidas alcoólicas recentemente, comparado a 63% dos homens. Essa diferença influencia diretamente os custos e as consequências na saúde. As mulheres tendem a buscar atendimento médico mais cedo, resultando em menores complicações de saúde.
Em termos de hospitalizações e cuidados ambulatoriais, as mulheres são responsáveis por 20% do total de internações relacionadas ao álcool, mas representam uma parcela significativa dos atendimentos ambulatoriais. Isso sugere que, embora bebam menos, as mulheres estão mais atentas à própria saúde, o que pode estar associado à sua maior busca por cuidados preventivos.
Qual é a faixa etária mais afetada pelo consumo de álcool?
O estudo assinala que a maioria dos atendimentos ambulatoriais relacionados ao álcool ocorre em pessoas entre 40 e 60 anos. Nesta faixa etária, as mulheres representam 55% dos custos, enquanto os homens contribuem com 47,1%. Este dado pode indicar uma propensão das mulheres dessa idade em procurar assistência médica precoce, talvez pela percepção crescente dos riscos associados ao consumo contínuo de álcool.
Refletindo sobre esses pontos, evidencia-se a importância de políticas públicas que abordem de forma abrangente as questões relacionadas ao consumo de álcool no Brasil. Campanhas de conscientização, melhoria no acesso aos serviços de saúde e programas de prevenção são fundamentais para mitigar os impactos do álcool sobre a saúde pública e a economia.